Sobre vivĂȘncias
O nĂșmero de compartilhamento de fotos de pessoas que tĂȘm recebido vacinas aumentou consideravelmente nas Ășltimas semanas, dentro das minhas redes sociais. Nunca passo por elas sem sentir uma pontada de alegria e esperança. Sinto-me na agradĂĄvel obrigação de curtir cada uma delas.
Esse tem sido um dos principais veĂculos de renovação de expectativas para mim. Na montanha-russa de sentimentos na qual embarcamos nos Ășltimos meses, ter a noção clara de que nossos amigos e familiares estĂŁo mais seguros e protegidos ajuda a manter o Ăąnimo, apesar de todos os (muitos) pesares que vivemos.
Nesse cenårio, uma grande ficha caiu bem diante de mim. Uma amiga me descrevia o sentimento de ter sido imunizada, dividia a alegria e a emoção sentidas por ela. Comovi-me junto com ela.
Em dado momento do papo, apĂłs me dizer que teve reaçÔes, ela usou a palavra sobrevivĂȘncia, para dizer que tinha superado todos os sintomas causados pelo imunizante. Aguentou feliz, me disse. EstĂĄ de pĂ©.
Foi nesse instante que eu entendi algo absolutamente fundamental. Um ano e quatro meses enfrentando a maior e mais fatal pandemia registrada na histĂłria e nĂłs permanecemos vivos. Lutando contra cada dificuldade que aparece, enfrentando cada um dos reveses, superando cada baixa, encarando com coragem nossos medos e vulnerabilidades. Nos mantemos sonhando, produzindo, seguindo em frente.
Perdemos muitas pessoas, vivemos um luto absurdamente dolorido e nĂŁo hĂĄ palavra capaz de exprimir os efeitos do que sentimos. Pode ser que nĂŁo estejamos completamente inteiros, que tenhamos ganhado cicatrizes no percurso, mas nĂłs sobrevivemos.
Ainda precisamos caminhar, manter os cuidados e buscar fazer o possĂvel para equilibrar tudo. Mas nĂłs estamos vivos e vamos estar aqui para contar e alertar quem vem depois de nĂłs sobre essas vivĂȘncias.