Guerreiros na linha de frente
Quem são os profissionais que abrem mão da sua própria segurança, para manter os serviços essenciais em funcionamento?
Guerreiros na linha de frente
Quem são os profissionais que abrem mão da sua própria segurança, para manter os serviços essenciais em funcionamento?
Nessa batalha que estamos vivendo contra o vírus, nossos soldados trocaram suas vestimentas camufladas por uniformes e roupas privativas. As armas utilizadas neste combate não possuem pólvora, foram substituídas por oxigênio, respiradores e fé. A munição necessária para vencer esta guerra é feita de dedicação, esperança e amor.
Enquanto grande parte da população mundial se reserva ao direito de permanecer em casa, muitos profissionais acordam todos os dias pela manhã com um único propósito: zelar pela segurança, saúde e conforto de todos.
Quem são estes profissionais que acordam todos os dias enfrentando seus medos e inseguranças para permitir que o restante da população possa ter alimento em casa, segurança e garantia de assistência na saúde?
Weberly Moreira de Mello é Técnico de enfermagem e atua diretamente na Unidade de Tratamento Intensivo de um hospital da cidade.
“Atuar na linha de frente ao enfrentamento do covid-19 tem sido um desafio não só para mim, mas para todos os colegas de profissão” comenta Mello.
Conciliar a dedicação ao trabalho com o sentimento de medo de poder se contaminar é uma batalha que o profissional trava todos os dias ao sair para o trabalho. “Existe um misto de sentimentos, o medo de ser contaminado e de transmitir sem saber essa doença. A maioria costuma não apresentar sintomas” explica o técnico de enfermagem.
O que estimula todos os dias o profissional a sair de casa é o amor pela profissão e a consciência da importância do seu trabalho para toda a sociedade.
“Não é você quem escolhe a enfermagem, mas sim a enfermagem quem escolhe você. Para estar nessa profissão, é preciso ter um dom, tem que ouvir o chamado, deve estar disposto a abrir mão da vida em família, social e passar noites sem dormir por um único objetivo: amor ao próximo e humanização” comenta Weberly.
A insegurança de ser contaminado e de contaminar alguém também permanece viva no dia a dia do operador de terminal Elton Rodrigo da Costa, colaborador de uma rede de supermercados da cidade Elton acorda com medo todos os dias
“Tenho medo de contrair o vírus e ter complicações. Medo de contrair, ficar assintomático e disseminar ele. Medo que alguém do meu convívio laboral contraia o vírus, tenha complicações ou venha a óbito. E ainda, medo que algum deles contraia, leve pra casa e contamine algum familiar, pois a maioria não tem o privilégio que tenho de ficar em um imóvel separado”
A separação momentânea de alguns familiares foi uma das precauções adotadas pelo operador de terminal, longe de sua esposa Costa explica que a decisão de permanecerem afastados durante este período tem como objetivo resguardar a saúde de seus familiares. “É difícil passar por este período distante do toque físico das pessoas próximas, mas a convicção que nos move é a de preservar a vida de nossos entes amados. Tenho o privilégio de me isolar sozinho em casa, minha companheira segue com minha sogra e nos vemos por vídeo conferencia ou a certa distância. Vi meus parentes apenas duas vezes nesse período, sempre mantendo uma distância de mais de dois metros entre nós. A expressão deles é sempre um misto de tristeza, por não nos tocarmos e por eu ter que trabalhar em contato com tantas pessoas e de alegria por ainda estarmos bem e nos vermos sem o brilho frio da tela de um celular” comenta Elton.
Atuar na linha de frente, faz com que Costa também perceba a mudança de comportamento da sociedade e traz preocupações quanto ao aumento da circulação de pessoas nas ruas “Muito tem me preocupado, nas últimas duas semanas, o aumento expressivo de pessoas circulando nas ruas e no mercado. Muitas pessoas alheias aos cuidados mínimos para preservarem sua saúde e a dos demais. Durmo preocupado com os rumos que essa crise pode tomar, o impacto nas vidas e principalmente em número de mortes” explica o operador de terminal.
Preservar a saúde mental de seus familiares, transmitindo mensagens de esperança e tranquilidade tem sido um dos principais esforços do Enfermeiro Alexsandro Rodrigues de Oliveira, casado e pai de dois filhos, Alexsandro evita levar noticias ruins para casa
“Tento agir com naturalidade e contar para as crianças que este momento é passageiro, houve até um fato engraçado, pois levei meu filho para dar uma volta de carro e ele ficou assustado, ele achava que não haveria nenhuma pessoa na rua, expliquei a necessidade das pessoas em comprar alimentos trabalhar entre outras coisas, disse que precisavam andar rapidinho como estávamos fazendo naquele momento, mas que rapidamente todo mundo retornaria para suas casas.” Comenta o Enfermeiro.
Sua rotina de trabalho tem sido intensa, afinal, é uma situação nova para todos os profissionais da saúde, as incertezas de lidar com uma doença nova com alto índice de contaminação preocupa, mas o amor pela profissão gera o estímulo necessário para enfrentar este momento “Sempre estivemos em exposição de várias outras doenças e em momento nenhum abandonamos nossos princípios, como vemos vários pacientes e familiares com suas angústias, sempre exercemos da melhor maneira possível a assistência necessária para oferecer o conforto e a cura do paciente, dentro de cada caso e possibilidade. É satisfatório e emocionante quando há uma despedida do paciente e de seu familiar com um sorriso agradecido reconhecendo todo o trabalho executado, pois também somos seres humanos e também possuímos diferenças, medo e angustia com as diversas situações” explica Alexsandro.
Diferentes testemunhos e experiências podem ser observados neste momento tão delicado que todos estamos vivendo, mas o que chama a atenção em todos esses relatos, é o sentimento de amor ao próximo, de esperança e de coragem que estes profissionais que atuam na linha de frente tem a oferecer. A nós, cabe um eterno e sincero, muito obrigado!