ARTE DA GUERRA


Por Tribuna

14/10/2015 às 07h00- Atualizada 14/10/2015 às 08h49

O folclore político indica que agosto é um mês de crises, afinal, foi neste mês que Getúlio Vargas renunciou, como também foi em agosto de 2013 que o povo foi para as ruas, mas desta vez é outubro quem está ficando com a marca, embora também seja um mês de episódios importantes na história recente do país. Em 12 de outubro de 1977, o então presidente Ernesto Geisel deu fim à linha dura ao demitir o ministro do Exército, Sílvio Frota, num dos episódios mais tensos do período da descompressão. Página virada, chegamos a 2015 com a presidente da República e o presidente da Câmara dos Deputados sob ameaça.

Paradoxalmente, as duas situações ocorrem num período de estabilidade das instituições. A chefe do Governo está na berlinda por conta de inações de sua gestão e por pedaladas na economia condenadas pelo TCU, além do escândalo detectado pela “Lava jato”, que não a afeta diretamente, mas atinge o seu entorno. O deputado que preside a Câmara está sob investigação por contas na Suíça, que poderiam ser resolvidas pelo fisco, sob o viés da sonegação, não fosse um detalhe: elas teriam sido abastecidas por dinheiro de corrupção.

A semana, embora mais curta, será emblemática, pois estão em jogo pedidos de impeachment formulados pela oposição, que quer a cabeça da presidente, e pedidos de renúncia do deputado formulados por diversos partidos. Na segunda-feira, após uma reunião de uma espécie de gabinete de crise, o Planalto também decidiu declarar guerra total a Eduardo Cunha antes que ele peça o impedimento de Dilma Rousseff. É a típica manobra da arte da guerra, em que se combate o inimigo em seu próprio território. Ou, como se diz em Minas Gerais, almoçá-lo antes que ele te jante.

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