Preparativos de um anfitriĆ£o ainda mais endividado

Por Conjuntura e Mercados Consultoria Jr

ApĆ³s sediar a Copa 2014 com um custo de R$ 27,8 bilhƵes, o paĆ­s volta as suas atenƧƵes para os preparativos de mais um megaevento esportivo, as OlimpĆ­adas Rio-2016. Em uma conjuntura econĆ“mica desfavorĆ”vel, com queda da atividade econĆ“mica e fragilidade financeira do orƧamento federal, mais uma vez o interesse recai sobre os recursos despendidos para a realizaĆ§Ć£o dos Jogos OlĆ­mpicos, sobretudo, no desenvolvimento das Ć”reas prioritĆ”rias de infraestrutura.

Em 28/01/2015, o MinistĆ©rio dos Esportes divulgou uma nova atualizaĆ§Ć£o da Matriz de Responsabilidades dos Jogos OlĆ­mpicos e ParaolĆ­mpicos Rio-2016. Nessa atualizaĆ§Ć£o, 64% dos investimentos aparecem como responsabilidade do setor privado. Mas a parcela do setor pĆŗblico Ć© relevante. No mĆŖs passado, representantes dos governos federal, estadual e municipal anunciaram que, dos 27 projetos sob sua responsabilidade, 24 estĆ£o com contratos em execuĆ§Ć£o ou com obras em andamento, com custo estimado de R$ 24 bilhƵes (R$ 14,2 bi municipais, R$ 9,7 bi estadual e R$ 111 milhƵes federal). Nesse valor, a despoluiĆ§Ć£o da baĆ­a de Guanabara nĆ£o estĆ” prevista e atualmente estĆ” suspensa por falta de recursos do Governo estadual. Estima-se que sĆ³ a inclusĆ£o da mesma no projeto custaria R$ 12 milhƵes.

A prefeitura do Rio jĆ” chegou a afirmar que as OlimpĆ­adas de Barcelona-1992 servem de modelo para a organizaĆ§Ć£o da Rio-2016. Os Jogos na Espanha reduziram a taxa de desemprego de 18,4% em 1986 para 9,6% em 1992. Contudo, historicamente, o endividamento pĆŗblico gerado por eventos deste porte Ć© a principal heranƧa das cidades-sede, levando, em alguma medida, Ć  reduĆ§Ć£o de outros gastos e/ou elevaĆ§Ć£o dos impostos. Em 2006, no CanadĆ”, o custo dos Jogos OlĆ­mpicos foi inicialmente estimado em US$ 310 milhƵes, reajustado posteriormente para US$ 1 bilhĆ£o, para encerrar em cerca de US$ 2 bilhƵes. Por sediar os Jogos de 2004, a GrĆ©cia viu sua dĆ­vida pĆŗblica passar de 77% do PIB em 2000 para 110,33% em 2004. Considerando a atual meta de corte de R$ 80 bilhƵes nas despesas pĆŗblicas para pagamento apenas dos juros da dĆ­vida, a preocupaĆ§Ć£o Ć© que o anfitriĆ£o brasileiro, e nĆ£o somente o carioca, fique ainda mais endividado. E, pior, sem previsĆ£o de como pagar.

Por Maria Eduarda de Paula, Guilherme Silva Cardoso, Tamires Vieira Tosta e Admir A. Betarelli
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