Fumaça preta no Vaticano: Igreja Católica segue sem novo papa no 2º dia de conclave

Nesta quinta-feira, mais duas votações estão previstas no conclave


Por Agência Estado

08/05/2025 às 09h08

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Fumaça preta foi sinalizada na manhã desta quinta-feira (Foto: Reprodução Vatican News)

As duas primeiras votações desta quinta-feira (8) mantiveram a incerteza sobre quem será o próximo papa a comandar a Igreja Católica. Assim como na quarta-feira (7), quando o conclave teve início, uma multidão de fiéis e curiosos reunida na Praça São Pedro assistiu à fumaça preta pela segunda vez nesta semana. Estão previstas mais duas votações para esta quinta-feira.

Para um conclave iniciado com o intuito de evitar uma divisão ainda maior na Igreja, isso não causa surpresa. Afinal, nos últimos 150 anos, apenas dois papas foram escolhidos após duas rodadas de votação: Leão XIII, em 1878, e Pio XII, em 1939, com três escrutínios (no segundo dia do conclave).

O processo não possui um prazo determinado para terminar, mas os dez conclaves mais recentes não ultrapassaram cinco dias — Francisco (2013) e Bento XVI (2005) foram eleitos no segundo dia.

Não há um favorito claro para substituir Jorge Bergoglio, que diversificou o colégio cardinalício ao incluir mais membros da África e da Ásia, reduzindo a proporção de europeus. Para ser escolhido, são necessários dois terços dos votos (89).

O dia começou com nuvens escuras sob a cúpula do Vaticano. Pouco a pouco, o céu se despejou e seguiu limpo por toda a manhã. A partir das 4h (9h de Roma), já havia fiéis se posicionando nas primeiras fileiras da praça para esperar um sinal da chaminé instalada no telhado da Capela Sistina, onde 133 cardeais se reúnem votar.

O esquema de segurança permanece montado, com revistas de mochilas e detectores de metais para entrar na praça. Também é possível ver policiais distribuídos ao longo da área próxima à Casa Santa Marta, onde os cardeais estão hospedados. Segue o fluxo de peregrinos que se dirigem para passar pela Porta Santa da Basílica de São Pedro para ganhar a indulgência do Jubileu de 2025.

Pela manhã, os padres abrigados no Colégio Pio Brasileiro, em Roma, celebraram missa às 6h30. Cerca de cem religiosos brasileiros vivem ali enquanto fazem seus estudos na capital italiana. Ali também foi o QG dos sete cardeais brasileiros nos dias que precederam o conclave, onde foram providenciados até despertadores para os votantes do conclave, que agora estão sem celular, isolados na Casa Santa Marta.

Haverá ainda missa às 12h15, em vez das 18h45. A segunda celebração do dia no colégio foi adiantada para que os religiosos acompanhem a fumaça que resultará da nova votação do conclave.

Na noite dessa quarta, o cardeal d. Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida (SP), acompanhou o resultado da 1ª votação pela TV italiana, que transmitiu ao vivo a fumaça que saiu da Capela Sistina. Ao Estadão, ele disse prever que o processo de escolha dure, no máximo, quatro dias e apontou os cardeais que mais o impressionaram nas reuniões pré-conclave.

Quando sai a fumaça? Quando serão as próximas votações?

São quatro votações por dia, duas pela manhã e duas à tarde.

São previstas duas fumaças por dia (7h e 14h), mas em caso de resultado positivo, a fumaça será antecipada.

A previsão das próximas fumaças é para os seguintes horários:

  • 12h30 (Horário de Brasília) – somente se for branca. Se não houver definição, nada acontece.
  • 14h (Horário de Brasília) – horário previsto para a fumaça preta.

Se depois do terceiro dia de conclave a Igreja ainda estiver sem papa, será feita uma pausa de 24 horas para orações.

Mensagem de unidade e comunhão

A escolha do sucessor de Francisco começou na quarta-feira (7) com a missa Pro eligendo Pontifice, que reuniu os cardeais e cerca de cinco mil fieis dentro da Basílica de São Pedro.

A cerimônia foi marcada pela homilia do decano do Colégio Cardinalício Giovanni Battista Re, pregando a necessidade de uma igreja unida e defender que o futuro papa conserve a unidade da Igreja, preservando diferenças geográficas e pastorais. “Uma unidade que não significa uniformidade, mas comunhão sólida e profunda na diversidade, desde que se permaneça plenamente fiel ao Evangelho”, disse.

Ou seja, a preocupação era a defesa da preservação da unidade do “povo de Deus” por meio da Igreja.

Na celebração, Re abraçou o secretário de Estado do Vaticano, o italiano Pietro Parolin, apontado por muitos como um dos papáveis. Ele foi citado como um dos que chamaram a atenção de brasileiros durante as congregações gerais, reuniões que precederam o conclave, segundo d. Raymundo Damasceno.

O gesto foi visto como simbólico para o início do conclave. Parolin foi o responsável por abrir o rito da votação e o juramento de respeito às regras e de silêncio absoluto sobre tudo o que passar dentro da capela.

Outro ponto de destaque foi a ausência de menções ao papa Francisco na homilia de Re. No funeral do pontífice argentino, o decano afirmou que ele foi “um papa do povo, de coração aberto a todos”. Também disse que trabalhou pela paz e defendeu no seu papado que a Igreja deveria acolher os fiéis sem julgá-los. “Ele foi movido pela convicção de que a Igreja é um lar para todos, um lar com suas portas sempre abertas… uma Igreja capaz de se curvar diante de cada pessoa, independentemente de suas crenças ou condições, e curar suas feridas.”

A decisão reflete o desejo de não acirrar divisões entre os cardeais surgidas durante o pontificado de Francisco. Re optou por um discurso com tom mais institucional e rezou “para que Deus conceda à Igreja o papa que melhor saiba despertar as consciências de todos e as energias morais e espirituais na sociedade atual”. Também apontou que a escolha ocorre em um momento “complexo e difícil da história”.

Cardeais favoritos a novo papa

Entre os papáveis mais citados por especialistas e pela mídia especializada, conforme mostrou o Estadão, aparecem:

– Pietro Parolin – Itália (70 anos)

– Luis Antonio Gokim Tagle – Filipinas (67 anos)

– Jean-Marc Aveline – Argélia (66 anos)

– Juan José Omella – Espanha (79 anos)

– Matteo Maria Zuppi – Itália (69 anos)

– Péter Erdo – Hungria (72 anos)

– Peter Turkson – Gana (76 anos)

– Pierbattista Pizzaballa – Itália (60 anos)

– Mario Grech – Malta (68 anos)

– Fridolin Ambongo Besungu – República Democrática do Congo (65 anos) –

– Willem Jacobus Eijk – Holanda (71 anos) –

– Robert Sarah – Guiné (79 anos) –

– Robert Prevost – Estados Unidos (69 anos)

– Anders Arborelius – Suécia (75 anos)

– José Tolentino de Mendonça – Portugal (59 anos)

– Ángel Fernández Artime – Espanha (64 anos)

– Cristóbal López Romero – Espanha (72 anos)

Tópicos: conclave / Papa / Vaticano

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