O modo de vida nas cidades ganha cada vez mais centralidade na gestão pública e no interesse de todos nós, porque, afinal de contas, nós vivemos é nas cidades. É aqui que nós produzimos nossas relações sociais, familiares, culturais, econômicas e políticas. No nosso caso, caro leitor e leitora, é de Juiz de Fora que estamos falando. Essa cidade apresenta uma característica muito especial, entre tantas outras: recebe muita gente de outras origens.
Como é o meu caso e, certamente, é o caso de muitas pessoas que vocês conhecem, ou seja mesmo, o caso de vocês, que por aqui chegaram e estabeleceram suas vidas. Falando um pouco da minha naturalidade, nasci em Porciúncula, noroeste do Estado do Rio de Janeiro, em maio de 1961.
Em busca de futuro, encontramos na educação pública, eu e meu irmão, as condições necessárias para o nosso progresso humano, escorados em muita luta e esforço de nossos pais para a manutenção do pão de cada dia. O ano era o de 1968, quando o caminhão de mudança do Jair Madureira partiu pela rodovia-110 em direção à cidade grande. Tudo era novidade para nós. Nada sabíamos do que ia acontecer com a gente. Conhecido mesmo era o choro repetido da minha mãe, por ter deixado os pais, e a falta de dinheiro do meu pai para pagar o valor da mudança. Memórias presentes em um tempo que não sai de mim.
Sou muito grato a Juiz de Fora. A cidade deve ser o lugar privilegiado para o encontro de todas as pessoas, esse é o meu desejo e certamente o desejo de vocês, leitores e leitoras da Coluna, mas penso que é preciso dizer que há muito o que se fazer para que efetivamente a cidade seja para todas as idades.
Diante de novas realidades, mudanças atrás de mudanças, principalmente, em relação ao envelhecimento de nossa população, a cidade precisa tomar uma posição política para acolher as pessoas idosas, suas necessidades, seus interesses e suas demandas. Como desfrutar da cidade, como ter a cidade como sua, se as calçadas continuam esburacadas? Se o trânsito quase que diariamente, para não dizer todos os dias, registra acidentes e atropelamentos com mortes de pessoas idosas? Se as pessoas idosas continuam sofrendo desgastes físicos, de saúde e emocionais, nas agências bancárias todo início de mês no recebimento de seus proventos previdenciários?
Outros lugares sociais deverão ser criados para as pessoas idosas na cidade. Onde estão esses lugares? Eu tenho esperanças de ver no próximo Governo municipal ações e políticas públicas para as cidadãs e cidadãos idosos de nossa cidade. Vamos continuar nossa luta de buscar sensibilizar a cidade para direcionar sua atenção para o público longevo. Vamos continuar nossa militância social e pública, junto ao Legislativo e ao Executivo, para que se envolvam cada vez mais com as questões próprias da população idosa da cidade. Estaremos, com certeza, regredindo no grau de civilidade humana, se, de agora para frente, não executarmos planos, projetos e programas políticos orientados para as pessoas idosas da cidade, um percentual muito expressivo numericamente na população da cidade, mais de 100 mil pessoas com a idade de 60 e mais.
No horizonte de um futuro bem próximo desejo às pessoas idosas que tenham na cidade mais do que a importante companhia dos familiares para irem à missa aos domingos. Desejo que elas conquistem outros encontros e que outros encontros sejam criados para elas e que tenham também mais familiares por perto. Mais amigos e amigas. Além dos pets.