A longevidade é para todos?

"Não estamos envelhecendo com dignidade e nem com respeito da sociedade. Finalizada a contagem dos votos com os resultados já conhecidos e divulgados, o que vem pela frente nos próximos quatro anos? Tanto na recondução da gestão da prefeita Margarida, como para a nova composição da Câmara de vereadores, será que teremos algo de novo?"

Por Jose Anisio Pitico

O mundo passa por grandes transformações em diversos aspectos da vida social, política e econômica com grandes repercussões no nosso dia a dia, porque estamos hiperconectados. Uma dessas grandes e rápidas mudanças que estão ocorrendo é o envelhecimento da nossa população. O mundo está envelhecendo. O Brasil também. Nossa cidade também. Não custa repetir: temos em JF, extraoficialmente, mais de 100 mil pessoas com a idade de 60+. Somos uma cidade de muita gente idosa.

Por um lado é muito bom, porque estamos vivendo mais e vamos viver mais, envelheceremos. Por outro, cabe a pergunta: será que estamos vivendo e envelhecendo bem e melhor? Não. Não estamos envelhecendo com qualidade de vida. Não estamos envelhecendo com políticas públicas para as pessoas idosas. Não estamos envelhecendo com dignidade e nem com respeito da sociedade. Finalizada a contagem dos votos com os resultados já conhecidos e divulgados, o que vem pela frente nos próximos quatro anos? Tanto na recondução da gestão da prefeita Margarida, como para a nova composição da Câmara de vereadores, será que teremos algo de novo? Será que teremos ações públicas e medidas de políticas municipais e leis para a proteção e defesa dos direitos das pessoas idosas? Ou veremos o mesmo filme de sempre: o silêncio e a indiferença das nossas autoridades públicas para os cidadãos e cidadãs da terceira idade?

Desejo que esses cidadãos e cidadãs participem dos espaços públicos de controle social. Como, por exemplo, do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa. Façam parte das reuniões da Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara Municipal. Cabe aqui uma informação. Essa Comissão é permanente, ela continua existindo mesmo coma entrada de uma nova composição de vereadores e vereadoras, como a que aconteceu na semana passada.

Ainda no interior do funcionamento da Câmara de vereadores temos a marca institucional da Câmara Sênior. São os vereadores e vereadoras sêniores que apresentam propostas e projetos de leis para a Presidência da Casa Legislativa. Esses espaços precisam ser apropriados pela população idosa da cidade, porque dessa forma, a longevidade com qualidade de vida fica possível de acontecer para um numero cada vez maior de pessoas idosas. A longevidade tem que ser para todas as pessoas. E para que aconteça essa realidade a cidade precisa se envolver cada vez mais com as necessidades e interesses das pessoas idosas.

Não há dúvida que o autocuidado é necessário para se envelhecer bem e conquistarmos mais tempo de vida. Mas a atenção pública da cidade é fundamental para atingir em todo o território as pessoas idosas que, na maioria das vezes, estão fora do planejamento urbano. A responsabilidade pela promoção de um envelhecimento sustentável e integral é de toda a comunidade. Do Estado, da sociedade e da família, conforme dita o preceito constitucional.

Mas no cotidiano de nossas vivências, percebe-se que ainda há uma grande ausência desses atores na garantia de uma longevidade para todas as pessoas. Qual é a saída, então? Criar uma rede de solidariedade intergeracional. Propor projetos que eduquem a cidade para o seu envelhecimento.

Preparar desde já Juiz de Fora para se tornar efetivamente uma cidade amiga da pessoa idosa. E o que é preciso para isso acontecer? Precisamos falar sobre o envelhecimento. Precisamos cobrar dos nossos representantes políticos o cumprimento de importantes documentos sobre a melhoria das condições de vida da população idosa.Como a Politica Nacional da Pessoa Idosa e o Estatuto. E que as próprias pessoas idosas não deixem de participar da vida pública da cidade.

Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

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