Resmungão

Na coluna desta semana, Marcos Araújo diz que não é uma questão de ser resmungão, mas sim de refletir sobre o quanto a superficialidade e a mediocridade estão cada vez mais presentes em nossas interações sociais

Por Marcos Araújo

Se vocês soubessem o quanto o dia de hoje foi difícil. Não que tenha acontecido algo de extraordinário. Sua incompatibilidade esteve justamente naquilo que guarda de mais comum. Mesmo eu, que sou dado ao que é banal, uma vez que tenho raízes profundas como um velho tronco, às vezes, fico enfadado.

A normalidade é algo que me atrai, justo que, para mim, ela funciona como porto seguro. Todavia, o que me incomoda e tem me incomodado é a mediocridade, que, por ora, transborda para todos os lados para os quais há possibilidade de fuga.

A mediocridade, como uma onda gigante, invade todas as orlas de nossa vida. O que me deixa mais entediado ainda é quando o medíocre vem acompanhado de arrogância. E olha que isso tem se tornado cada vez mais frequente. São conversas infundadas, gargalhadas vazias, sorrisos amarelos, interações superficiais e interessados tapinhas nas costas.

Não existe profundidade e toda conversa acaba no que há de mais reles. Será que a culpa é das redes sociais, que cada vez mais estão antissociais, promovendo uma cultura de aparências e instantaneidade? Vocês, minhas caras leitoras e meus caros leitores, também conseguem perceber isso? Ou será que eu, na minha também arrogância, estou vendo demais? Sentindo demais?

Desculpem-me se estiver enganado, se estou à flor da pele, se estou sendo, como já me disseram, apenas resmungão. Mas é porque, realmente, o que tenho presenciado é muito desagradável e me assusta. Há uma manada de Marias que vão com as outras, e elas vão simplesmente por ir.

Não existe reflexão, não existe intenção, não existe atenção, não existe meditação e não existe um tanto de outras coisas. Tenho medo do lugar para onde elas vão e receio de que atinjam o ponto do não retorno.

Peço perdão para quem não tem nada com isso e veio até aqui procurando um texto aprazível. Isso foi só um desabafo. Mas, assim que terminar esta escrita, vou tomar um café. E, com certeza, amanhã, provavelmente, terei outros motivos até para ficar mais alegre. É um dia de cada vez. Por ora, é certo que não estou satisfeito com nossa incapacidade de nos livrarmos da mediocridade.

Marcos Araújo

Marcos Araújo

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