Quase 1% dos adultos pode ter doença genética ligada a colesterol
Levantamento inédito da universidade mostra que incidência no Brasil é maior do que a de países como Estados Unidos, China e França
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) fizeram um levantamento inédito dos casos possíveis de hipercolesterolemia familiar (HF) no Brasil. Os resultados mostram que a doença afeta um a cada 104 adultos brasileiros, o que representa que aproximadamente 1% tem a possibilidade de ter a doença. O número é superior aos verifricados em outros países, como os Estados Unidos, que têm uma prevalência de 0,4%; a China, com 0,3%; e a França, com 0,85%.
A Universidade explica que a doença é genética e provoca níveis muito altos de colesterol no sangue, deixando as pessoas mais propensas a desenvolverem enfermidades que atingem o coração e o cérebro, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Os dados laboratoriais dos brasileiros foram obtidos por meio do mais amplo inquérito de saúde do país, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que contou com a participação de aproximadamente nove mil pessoas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza que a HF é um problema de saúde pública e atende aos critérios de identificação de doenças de base populacional para diagnóstico e tratamento precoces, visando reduzir a mortalidade cardiovascular na população geral. A identificação da hipercolesterolemia familiar é um desafio mundial, já que muitos países não possuem registros com essas observações. Dessa forma, a pesquisa realizada pela UFMG avançou ao identificar, pela primeira vez no Brasil, os possíveis casos da doença pelos dados da PNS.
O estudo foi publicado recentemente na revista científica “Scientific Reports”. A autoria é da residente pós-doutoral da Escola de Enfermagem da UFMG Ana Carolina Micheletti Nogueira de Sá Gomide, da professora da Escola de Enfermagem da UFMG Deborah Carvalho Malta, do mestrando da EEUFMG Elton Junio Sady Prates, do residente pós-doutoral da Faculdade de Medicina da UFMG Crizian Saar Gomes e da professora da Faculdade de Medicina da UFMG Luisa Campos Caldeira Brant.
De acordo com Ana Carolina Micheletti, se a equipe tivesse também os testes genéticos, esses números poderiam ser maiores. “Além disso, segundo a Organização Mundial de Saúde, a doença é globalmente subdiagnosticada e subtratada. No Brasil, temos poucas informações da prevalência da HF na população e pode ter lugares no país que o diagnóstico não chega às pessoas. Por isso, as informações obtidas por esse estudo são tão importantes. Conhecer a dimensão do problema, como feito no estudo, por meio do conhecimento do perfil lípico pelo exame de colesterol coletado pelo sangue é fundamental, pois a determinação precoce da HF, melhora a qualidade de vida das pessoas afetadas por meio de orientações e tratamento adequado”, destaca.
*Bernardo Marchiori, estagiário sob supervisão do editor Wendell Guiducci