Obesidade durante a gravidez é fator de risco para o coração a longo prazo
Excesso de peso também está associado a complicações da gestação, como diabetes e hipertensão
A obesidade ao engravidar pode indicar um risco para a saúde cardiovascular a longo prazo, mesmo em mulheres que não apresentam complicações durante a gestação, como diabetes ou hipertensão. Essa conclusão é sugerida por um novo estudo americano publicado no Circulation Research, periódico da Associação Americana do Coração (American Heart Association, nome oficial em inglês).
Sabe-se que o excesso de peso durante a gestação aumenta o risco de problemas como pré-eclâmpsia, um quadro grave que envolve alterações na pressão arterial, entre outras complicações, e diabetes gestacional, o que, por sua vez, também eleva o risco cardiovascular. No entanto, a nova pesquisa sugere que o ganho de peso durante a gestação pode estar relacionado a doenças cardiovasculares no futuro, independentemente de complicações ocorridas nos meses da gravidez.
Os cientistas da Universidade Northwestern chegaram a essa conclusão após acompanhar 4.216 mulheres desde o início da primeira gestação até aproximadamente 3,7 anos após o parto. Metade delas tinha sobrepeso ou era obesa antes de engravidar, mas nenhuma era hipertensa ou tinha diabetes.
Os autores estimaram a relação entre a obesidade e os fatores de risco cardíaco que surgiram após o parto, como colesterol alto, diabetes, hipertensão, entre outros, e compararam esses resultados com aqueles devidos a complicações como hipertensão ou diabetes gestacional. Da totalidade dos problemas cardiovasculares identificados, apenas uma pequena parcela foi associada exclusivamente a distúrbios da gravidez, sugerindo que a obesidade era um fator de risco por si só, presente desde o início.
“É preciso se preparar desde o início da gravidez e procurar engravidar com peso adequado para proteger a saúde não só na gravidez, mas a longo prazo, reduzindo o risco de complicações e o futuro risco cardiovascular”, diz o ginecologista Rubens Gonçalves Filho, do Hospital Israelita Albert Einstein. Daí a importância de seguir as recomendações sobre alimentação saudável e atividade física.
Pacientes que desenvolvem hipertensão na gravidez têm uma probabilidade maior de permanecer com a doença ao longo da vida. De acordo com o estudo, aquelas com problemas de pressão arterial apresentaram 97% mais chances de desenvolver hipertensão posteriormente, além de uma maior propensão a ter colesterol alto.
Entretanto, é importante destacar que há mulheres que, mesmo com peso adequado, podem desenvolver hipertensão ou diabetes gestacional. Aproximadamente 25% das gestações nos Estados Unidos enfrentam alguma complicação, apresentando um alto índice de morbidade e mortalidade.