Professor é preso sob suspeita de induzir alunos ao suicídio
Em sala de aula, homem teria feito alusão à morte de escrivã da Polícia Civil, motivando alunos a fazerem “o mesmo”
Um professor do Instituto Federal de educação, ciência e tecnologia (IFET-Sudeste) do Campus de Barbacena foi denunciado e preso por suspeita de induzir alunos do ensino médio a cometerem suicídio, na quarta-feira (14). De acordo com o Registro de Eventos de Defesa Social (REDS), ao qual a Tribuna teve acesso, ele teria dito a seguinte frase aos estudantes: “vocês não vão dar em nada, é melhor vocês fazerem como a escrivã da polícia civil fez dias atrás”, teria supostamente dito o homem de 48 anos à turma em que estava lecionando. A suposta frase faz alusão à morte da escrivã Rafaela Drumond, de 31 anos, na última sexta-feira (9). Ela era lotada na Delegacia de Carandaí e foi encontrada morta na casa dos pais, com um disparo de arma de fogo na cabeça. A ocorrência foi registrada como suicídio, mas as motivações estão ainda em investigação.
Ainda conforme o registro policial, testemunhas teriam afirmado que o professor ainda teria perguntado aos estudantes se eles sabiam o que havia acontecido com a escrivã em questão. Após a classe responder que se tratava de autoextermínio, parte dos alunos relatou que estariam sendo incentivados à prática. O homem foi preso e, por se tratar de um servidor federal, responderá às autoridades competentes.
O boletim cita que a polícia ouviu o professor que ele negou a intenção de induzir ao suicídio, sendo contra qualquer prática nesse sentido. Ainda de acordo com o documento, ele afirmou que durante a aula teria acontecido um desencontro de opiniões em relação ao conteúdo da aula, mas que não iria impedir as manifestações dos alunos.
O documentos cita que a diretora da unidade teria pontuado que o homem possui processos administrativos em trâmite. Um deles com carácter demissionário por fatos que já tramitam na corregedoria institucional. À Tribuna, a assessoria da unidade informou que tais processos ocorrem em sigilo.
Em nota, o Instituto Federal afirmou que está assegurando apoio aos alunos, familiares e às demais pessoas envolvidas. “O Instituto condena todo tipo de ofensa à dignidade de qualquer pessoa, membro de nossa comunidade ou não, e ratifica a missão de oferecer educação pública, gratuita, de qualidade e inclusiva, e, portanto, defende uma educação libertadora e que incentiva o desenvolvimento humano e social.”
Conforme a instituição, a denúncia foi encaminhada para a corregedoria do colégio para apuração, e as medidas cabíveis vão ser instauradas. “Em âmbito criminal, a instituição está acompanhando as investigações e permanece à disposição para contribuir com as autoridades”, afirma a nota.
Alunos relatam outras situações desconfortáveis
Ainda de acordo com o REDS, uma aluna junto da sua mãe relatou à polícia que em outra ocasião teria ouvido ofensas do professor. Os relatos também dão conta que o homem fazia referencias politico- partidárias em sala, além de citações constrangedoras sobre atos sexuais, inclusive, para alunos menores de idade.