Sopa dos Pobres recebe almoƧo especial
A partir das 10h desta segunda-feira (22), a fila com mais de 50Ā pessoas comeƧava a ser formada na Sociedade Beneficente Sopa dos Pobres. Enquanto isso, os alunos de gastronomia do Centro de Ensino Superior (CES/JF) finalizavam o almoƧo do dia: arroz, maionese, frango assado e de sobremesa salada de frutas e um bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Uma novidade para quem estava Ć espera, jĆ” que, como o prĆ³prio nome diz, aĀ sopa Ć© a refeiƧƵes servida mais de 90% das vezes por ali.
O diaĀ foi organizado pelos alunos do 4Āŗ perĆodo noturno de gastronomia do CES, dentro da disciplina Eventos gastronĆ“micos, que Ć© oferecida no curso pela professora Kellma Leal. “As turmas tĆŖm se interessado pelos eventos filantrĆ³picos, e a busca por essa associaĆ§Ć£o foi feita pelos prĆ³prios alunos. Eles chegam com as informaƧƵes em sala de aula, nĆ³s desenhamos o planejamento, e assim o evento acontece”, relatou a professora.
O cardĆ”pio foi preparado levando em conta a realidade das pessoas que frequentam a sociedade beneficente, sendo em sua maioria moradores de rua. “A nossa iniciativa Ć© dar a eles acessoĀ Ć gastronomia, popularizando-a. A gente podia chegar e servir ceviche, por exemplo, mas nĆ£o ia ser acessĆvel. Por isso, preferimos fazer algo comum, mas com muita qualidade”, afirmou a estudante de gastronomia e assistente social Bruna QuintĆ£o.
“Sempre somos recebidos aqui com muito carinho, mas hoje (segunda) foi uma surpresa daquelas. NĆ³s que moramos nas ruas nem lembramos mais do sabor de uma comida assim. HĆ” muito tempo eu nĆ£o sentia. EstĆ” uma delĆcia”, disse CĆ”tia Aparecida Ferreira, que frequenta a Sopa dos Pobres hĆ” quatro anos, todos os dias. Maria das GraƧas Santos Ramos tambĆ©m nĆ£o almoƧa no local hĆ”Ā 20 anos. “As minhas seis netas cresceram vindo aqui comigo”, contou.
Mesmo nos demais dias, apesar da simplicidade, o cardĆ”pio sempre Ć© supervisionado por uma nutricionista, e a variedade depende dos alimentos disponĆveis. “Uma vez por semana a gente tenta fazer almoƧo com arroz, carne, legumes”, disse a funcionĆ”ria Rosilaine Ribeiro AssunĆ§Ć£o, que trabalha na Sopa dos Pobres hĆ” 14 anos. “Meu avĆ³ tambĆ©m foi funcionĆ”rio daqui. EntĆ£o durante toda a minha infĆ¢ncia eu tive contato com a entidade”, comentou Rosilaine.
A distribuiĆ§Ć£o da sopa acontece de segunda a sexta-feira, de 11h ao meio-dia a cerca de 200 pessoas. Ā Hoje a Sopa dos Pobres conta com cinco funcionĆ”rios e 13 voluntĆ”rios.
Como ajudar
A Sociedade Beneficente Sopa dos Pobres Ć© mantida com contribuiƧƵes de juiz-foranos. A populaĆ§Ć£o local e os empresĆ”rios da cidade sĆ£o os Ćŗnicos responsĆ”veis pela manutenĆ§Ć£o da instituiĆ§Ć£o.
Toda ajuda Ć© vĆ”lida,tanto aĀ financeira quanto de alimentos ou trabalho voluntĆ”rio.Ā Para quem quer ajudar, a Sociedade Beneficente Sopa dos Pobres fica na Rua Santo AntĆ“nio, 110, no Centro. O telefone para contato Ć© o (32) 3211-8401
O comeƧo de tudo
Em 1910, o casal Ludgero e Alcides GuimarĆ£es Moreira fundaram a Sociedade Sopa dos Pobres. A ideia surgiu nas comemoraƧƵes do aniversĆ”rio da filha Dulce GuimarĆ£es, Ćŗnica mulher entre os filhos do casal, que consistia na distribuiĆ§Ć£o de lanches Ć s crianƧas de rua da cidade. A instituiĆ§Ć£o inicialmente funcionava aos sĆ”bados. O casal e mais trĆŖs colegas saĆam na parte da manhĆ£ pelas ruas em busca de comerciantes que pudessem contribuir com os alimentos para a realizaĆ§Ć£o do almoƧo. A distribuiĆ§Ć£o aos sĆ”bados continuou atĆ© 1931, quando a instituiĆ§Ć£o foi registrada e passou a funcionar durante toda a semana. Um amigo da casal, o juizforano JĆ©sus de Oliveira, doou uma de suas propriedades que foi transformada em sede, lugar onde atĆ© hoje funciona a Sopa dos Pobres.