Reajuste chega aos postos, e gasolina é encontrada até a R$ 7,79 em JF
Na última semana, Petrobras anunciou aumento no valor cobrado nas refinarias pela gasolina e pelo diesel
Dois dias após entrar em vigor, os novos preços da gasolina cobrados pela Petrobras passaram a surtir efeito nos postos de combustíveis de Juiz de Fora. Em consulta realizada pela Tribuna na manhã desta segunda-feira (20), a reportagem encontrou o litro da gasolina comum a até R$ 7,79. No sábado (18), em outro levantamento, o valor máximo cobrado ainda era R$ 7,64, o que consiste no aumento de R$ 0,15 no máximo visto entre os dois dias no município.
Na nova consulta realizada pela Tribuna em oito postos de diferentes regiões de Juiz de Fora, o valor cobrado pela gasolina flutuou entre R$ 7,28 e R$ 7,79. O preço médio foi R$ 7,55, o que também representa um aumento daquele observado no sábado, que era de R$ 7,46. O atual valor médio da gasolina comum também está acima do apontado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em Juiz de Fora, na pesquisa realizada entre os dias 5 e 11 de junho, a última publicada, quando o custo médio era R$ 7,50.
O preço da gasolina ficou congelado por 99 dias, e, na última semana, a Petrobras anunciou aumento de 5,2% no litro do combustível, passando a custar R$ 4,06 nas refinarias da estatal. Já o diesel, que estava há 39 dias sem reajuste, teve alta de 14,2% e subiu para R$ 5,61.
Sindtanque faz assembleia
O reajuste recebeu críticas do Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG), que convocou uma assembleia emergencial para terça-feira (21) para discutir ações contra o reajuste do preço do diesel. “Recebemos o reajuste dos combustíveis como uma afronta e uma falta de sensibilidade da Petrobras. Hoje, as transportadoras estavam esperando uma redução e não um reajuste, mais um aumento”, disse o presidente Irani Gomes.
Preços devem continuar oscilando, diz economista
Mesmo com as reações contrárias que despertaram em diversas entidades, os reajustes de preços devem seguir acontecendo nos próximos meses. É o que espera o economista e professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Wilson Rotatori. “As expectativas ainda não são boas, porque a guerra na Ucrânia ainda se prolonga. A gente não sabe como vai ser a questão da oferta de petróleo da Rússia, se a guerra vai terminar, e eles vão conseguir retomar as atividades”, explica o especialista, que ainda salienta que o momento de crise econômica global pode provocar queda na demanda por petróleo, o que reduziria os impactos negativos do atual contexto.
De acordo com o economista, o mais recente reajuste da Petrobras foi provocado pelo aumento no valor internacional do petróleo. Segundo ele, a estatal é responsável pelo cumprimento de 70% da demanda de diesel no Brasil, de modo que os 30% restantes chegam ao país por importação. Se a Petrobras não conferir a paridade com o valor internacional do combustível, os importadores deixam de abastecer o mercado nacional. “A Petrobras está entre manter o preço próximo ao internacional ou, se não fizer nada, levar ao desabastecimento, porque ela mesma não tem condição de atender à totalidade do mercado de diesel no Brasil. Esse problema vai continuar ocorrendo, não tem solução”, avalia.
Para mitigar o impacto dos aumentos, o Senado e a Câmara dos Deputados aprovaram o texto-base do projeto que limita as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incidentes sobre combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo. O texto passa a tratar os itens como essenciais e proíbe que os estados cobrem taxa superior à alíquota geral de ICMS, que varia entre 17% e 18%.
Para Rotatori, a medida pode resultar em redução no valor cobrado pelos combustíveis nas bombas. “Mas não são medidas que tendem a estabilizar o preço dos combustíveis, que vão continuar flutuando no exterior. O que acontecerá é uma redução nos impostos, que eventualmente vão aparecer nas bombas para amortecer os próximos movimentos, desde que a implementação dos impostos seja efetivada”, pondera.