A questão não é exatamente o (ou um) veredito, mas o que ele diz sobre como as mulheres são vistas e tratadas. Embora eu tenha uma opinião sobre quem ocupa qual papel no julgamento que se arrastou diante dos olhos públicos nas últimas semanas, seguirei a sabedoria juvenil e a reservarei pra mim: calada vence – às vezes.
Mas no que tange à misoginia diária a que são submetidas as mulheres que denunciam seus agressores, violadores e perpetradores, eu vou, mais uma vez, por a boca no trombone. Por ter feito exatamente isso sem citar qualquer nome, uma mulher rica, branca e famosa foi ridicularizada publicamente em memes, matérias e discursinhos raivosos de rede social que bradam, do auge da hipocrisia, que se trata de um desserviço às mulheres vítimas de violência (qualquer que seja) e uma vagabunda (termo escolhido aleatoriamente dentre os utilizados) destinada a destruir a carreira de um homem.
Como se não bastasse a violência de ser descreditada e humilhada em idiomas que talvez nem saiba falar, a vítima é obrigada a testemunhar uma ode mundial a seu abusador. E é culpabilizada por silenciar as “vítimas reais”, de “violências verdadeiras”. É ameaçada de morte e violada simbolicamente de todas as formas possíveis, assim como as mulheres que apontam que estes ataques apenas reforçam o argumento que aponta a misoginia como resposta do mundo às mulheres que ousam apontar o dedo para seus agressores. Estou entrando na fila de novo.
Pouco tempo atrás havia uma corrente de Instagram dizendo “me avise se eu conhecer seu abusador”. Mas na materialidade do dia a dia, os avisos de mulheres seguem inaudíveis, ainda que gritados, enquanto abusadores marcham ilesos e vitoriosos. A quem interessa o silêncio das mulheres?
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