‘Eduardo e Mônica’ estreia nos cinemas de Juiz de Fora
Adaptação cinematográfica do clássico da Legião Urbana é estrelado por Gabriel Leone e Alice Braga

Já pensou transformar uma música de 4min32s em um longa de quase duas horas? É isso que é feito em “Eduardo e Mônica”, filme inspirado na célebre música da banda Legião Urbana. Na obra, Eduardo (Gabriel Leone) e Mônica (Alice Braga) se conhecem em meio a uma festa estranha com gente esquisita e se apaixonam mesmo sendo pessoas completamente diferentes, com vidas quase incompatíveis. O roteiro busca caracterizar os personagens com as informações que Renato Russo disponibiliza na letra, mas indo além em alguns detalhes para dar maior profundidade aos personagens. Mônica, por exemplo, no filme passa a ser recém-formada em medicina e artista performática. Já Eduardo mantém a inocência do adolescente em véspera de vestibular e tem sua relação com o avô mais explorada.
O filme é focado nos dois personagens e depende bastante da química entre os atores Alice Braga e Gabriel Leone. Aos 25 anos, Leone encara o desafio de interpretar um adolescente de 16. Para tanto, foi maquiado com espinhas e aparelho dentário para ajudá-lo a chegar na caracterização ideal. A produção usou fotos de quando o ator tinha 16 anos para chegar a um resultado mais natural possível. Quando o filme foi rodado, Leone ainda não tinha feito o atual sucesso com séries e novelas. Tinha acabado de filmar a superssérie brasileira “Onde nascem os fortes”, que foi ao ar na TV GLobo em 2018. O cabelão visto na tela é mega hair. Alice Braga, por sua vez, teve que aprender a andar de motocicleta para o papel, e encarou o desafio de interpretar a complexidade dessa mulher mais madura que deve ser convincente em seu amor pelo garoto.
No filme, ele, ainda se preparando para o vestibular, e ela, recém-formada em medicina, embarcam na aventura que é se conhecer e permanecer juntos. A diferença entre os dois é motivo de química, mas também gera conflitos que vão se estendendo pelo longa. A música de Renato Russo dá vários saltos temporais sobre o casal que, no filme, passam a ser explorados. Como duas pessoas tão diferentes continuam juntas? É isso que René Sampaio busca responder, aprofundado-se na relação peculiar entre os dois e buscando construir o “recheio que faltava”.
Adiamentos e rock nacional
“Eduardo e Mônica” foi filmado em Brasília, no Rio de Janeiro e na Chapada dos Veadeiros durante oito semanas em 2018, foi finalizado em 2019 e teve alguns adiamentos até o lançamento desta quinta, em função da pandemia de Covid-19 e também por estratégias comerciais – por exemplo, não chegar junto com blockbusters como “Matrix Resurrection” e “Homem-Aranha: sem volta para casa”, que lotearam boa parte das salas de cinema nas últimas semanas.
A trilha sonora é um dos destaques do filme, passado nos anos 1980, já que o diretor busca realmente inserir os personagens no cenário do rock do período em Brasília. Nativo do Distrito Federal e adolescente quando o rock brasileiro conhecia seu auge, René é fã de carteirinha de Renato Russo. O sonho de adaptar suas músicas o acompanha desde que começou sua carreira como diretor. A primeira incursão no universo ficcional legionário foi a adaptação de “Faroeste Caboclo”, de 2013, estrelado por Fabricio Boliveira e Isis Valverde. E ele ainda sonha em adaptar outra música feita pelo ídolo, só não revela qual seria.