Uma (brevíssima) geografia de Juiz de Fora
Juiz de Fora é uma capital regional, ou seja, é um município que exerce influência no estado e em estados próximos, de acordo com a hierarquia urbana adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo tal hierarquia, o município ocupa uma posição estratégica na articulação da rede urbana da região Sudeste. Mesmo assim, é bastante provável que a maioria dos seus habitantes, estimados em 577.532 em 2021, desconheça as características de seu quadro natural e humano. Sobre esse último, esboçaremos um prelúdio.
Com uma área territorial de aproximadamente 1.436km², Juiz de Fora era, segundo o Censo de 2010, o 36° município mais populoso do país em um universo de 5.570 municípios e o quarto de Minas Gerais. É o primeiro em sua região geográfica imediata (divisão regional instituída pelo IBGE e vigente desde 2017). Com 99% da população urbana, é óbvio que essa paisagem cultural, que é a cidade, domina o imaginário do juiz-forano. O município é constituído de quatro distritos: Juiz de Fora (distrito sede), Rosário de Minas, Sarandira e Torreões. Segundo o Atlas Brasil, Juiz de Fora ocupava em 2020 a 47ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), considerado acima da média pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A taxa de escolarização em 2010 era de 98,3% entre as crianças de 6 a 14 anos. Em 2018, o PIB per capita de Juiz de Fora era R$ 29.998,91, o que colocava o município na 115ª posição em Minas Gerais e 1.290ª no Brasil. Em 2019, o salário médio mensal do juiz-forano era de 2,4 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 30,4%. Na comparação com os outros municípios do Estado, ocupava as posições 48 de 853 e 45 de 853, respectivamente. Esses indicadores específicos mostram, por um lado, que há dezenas de municípios mineiros em situação melhor que Juiz de Fora e, por outro, que, entre 853 municípios, nossa situação em relação a esses mesmos indicadores precisa ser relativizada.
Os dados acima, que a princípio podem parecer terem sido escolhidos aleatoriamente, revelam algumas características panorâmicas do município, que nos ajudam a pensar a respeito do papel ou função dele no quadro mais amplo do espaço geográfico brasileiro. O objetivo de compartilhar dados parcialíssimos, cuja escolha teve caráter idiossincrático e obviamente não revelam praticamente nada sobre a real situação de Juiz de Fora, em um artigo de opinião, é fomentar no leitor a curiosidade acerca das características que passam despercebidas do município em que vivemos e no interior do qual constituímos nosso lugar, ou seja, nosso espaço vivido, do cotidiano.
Conhecer esse espaço, suas contradições e suas múltiplas territorialidades é fundamental no sentido de nos possibilitar, como citadinos e cidadãos, planejá-lo e transformá-lo, considerando as especificidades e os jogos de interesses que envolvem a produção ininterrupta do espaço geográfico, de modo que o direito à cidade seja plenamente democratizado e exercido. Alienados do conhecimento, não há transformação que beneficie a maioria.
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