Cruzeiro encara nova fase, mas ainda é preciso ter calma

A notícia da transformação do Cruzeiro em uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF) e sua posterior compra já seria uma grande notícia por si só

Por Marketing e Negócios

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Fonte: Wikimedia Commons

A notícia da transformação do Cruzeiro em uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF) e sua posterior compra já seria uma grande notícia por si só. Quando foi divulgado que Ronaldo Fenômeno, revelado pelo clube, era o comprador, a manchete só ficou ainda maior.

O fato movimentou os sites de notícias, as redes sociais e os sites de apostas com novidades e opiniões sobre o negócio.

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Ronaldo está no mundo dos negócios há anos e a compra de clubes não é uma novidade. O ex-atacante comprou o Valladolid em 2018, com resultados ainda pouco expressivos. Entretanto quem busca traçar paralelos entre um clube e outro não considera contextos e realidades completamente distintas.

O Valladolid é um clube pequeno na Espanha, em uma liga onde há dois gigantes (Barcelona e Real Madrid) com receitas muitas vezes maiores até que os clubes do segundo patamar do futebol nacional e um Atlético de Madrid cada vez mais poderoso. O clube só tem um título oficial, a extinta Copa da Liga nos anos 80.

O Cruzeiro, apesar da trágica situação atual, é um clube bicampeão da Libertadores, quatro vezes campeão brasileiro, é o maior vencedor da Copa do Brasil (hexacampeão) e tem uma história de craques revelados e que passaram pelo clube. A retomada será desafiadora, mas com uma enorme torcida e tamanha tradição, a tarefa será mais fácil que a de um clube modesto na Espanha.

O começo da retomada

Os primeiros passos de Ronaldo no Cruzeiro são claros: continuar o planejamento para 2022 e pagar dívidas.  Um dos problemas recentes do clube são as punições da FIFA que impedem a contratação de jogadores (os chamados transferbans), normalmente impostos pelo não pagamento a um outro clube por uma contratação.

A dívida que mais dá dor de cabeça no momento é da contratação do uruguaio De Arrascaeta, mas o presidente Sergio Rodrigues já antecipou que a aquisição do meia Rodriguinho junto ao Pyramids do Egito também não foi paga na época. O total dos dois jogadores, que não jogam mais pelo clube, é de 50 milhões de reais.

Independente do poderio econômico de Ronaldo e possíveis parceiros, é inviável pensar que todas as dívidas serão pagas e um timaço será montado logo de cara, ainda mais em um ano de Série B em que as receitas são limitadas. O fato de ser o terceiro ano na segunda divisão também pode esfriar um pouco o ímpeto da torcida, especialmente se o time não começar tão bem o campeonato.

Só que a tragédia maior em 2022 seria não subir novamente. O 2021 já foi especialmente dolorido por ter sido o centenário do clube e em campo a equipe viu o Atlético-MG vencer o Mineiro, Campeonato Brasileiro (depois de 50 anos) e a Copa do Brasil enquanto o Cruzeiro fez uma campanha pífia na segunda divisão.

O planejamento que tinha sido iniciado por Alexandre Mattos, de volta ao clube, já parece ter sido deixado de lado porque o dirigente não irá continuar, uma das primeiras decisões de Ronaldo. Vanderlei Luxemburgo também não parece ser o treinador desejado, apesar de ainda estar no cargo. Fernando Diniz é um dos nomes comentados.

Com o Estadual batendo à porta, é de se esperar que o Cruzeiro avance com mais contratações; já chegaram diversos nomes como o zagueiro Maicon, o lateral Pará e o meio-campista Pedro Castro. Depois de ficar apenas cinco pontos acima da zona de rebaixamento para a Série C, a torcida do Cruzeiro espera mais para poder se empolgar e voltar à arquibancada. Ainda mais com o Atlético-MG tendo um elenco estrelado e títulos expressivos.

A virada financeira do Cruzeiro já está garantida depois de anos tenebrosos de salários atrasados, saídas na justiça e apenas notícias ruins de contratações antigas e processos. Em campo a virada esportiva pode demorar um pouco mais. O primeiro objetivo será subir para a Série A como der em 2022.

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