Cerca de 150 crianças ficam sem atendimento após invasão em centro educacional
Instituição está localizada ao lado do antigo PAM-Andradas, cujo abandono tem facilitado a ação de invasores
Cerca de 150 crianças em situação de vulnerabilidade socioeconômica, acolhidas pelo Centro Educacional Maria Helena, estão sem frequentar a instituição ao longo desta semana, após a creche ser invadida no último fim de semana. A creche-escola, que está localizada na Avenida dos Andradas, Centro, fica ao lado do antigo PAM-Andradas, cujo atendimento foi desativado pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) no fim de 2018. Desde então, o local está fechado e encontra-se abandonado. A situação, de acordo com a coordenadora pedagógica do centro educacional, Kândyce Stopa Ferreira, tem gerado insegurança em vizinhos e proprietários de estabelecimentos no entorno, já que, sem vigilância e em desuso, o prédio tem abrigado pessoas em situação de rua e usuários de drogas, que, segundo ela, têm invadido a creche, causado prejuízos à instituição. Ainda conforme Kândyce, no interior do antigo PAM-Andradas há uma grande janela de vidro, que foi quebrada, facilitando o acesso ao centro educacional.
“Essa situação não é de agora. Já tivemos outras invasões, mas, recentemente, foram duas. Uma durante o último feriado prolongado e outra agora, no último fim de semana. Dessa última vez foi pior, porque, além de roubarem itens, também quebraram coisas aqui dentro, arrombaram a entrada da cozinha e roubaram alimentos das crianças. Na segunda, quando chegamos aqui e nos deparamos com a situação, não tivemos outra alternativa a não ser suspender os atendimentos ao longo desta semana”, relatou à Tribuna. Segundo a coordenadora pedagógica, foram feitos boletins de ocorrência e a Polícia Militar esteve no antigo PAM-Andradas para constatar a situação do local.
O prédio, que pertence ao Governo federal, é cedido ao Município, que, atualmente, não utiliza a estrutura. Em matéria publicada em 2019, a Tribuna questionou a PJF sobre as condições e as destinações do espaço. À época, a Administração municipal anterior alegou que não haveria condições de uso do prédio nas atuais circunstâncias, sendo necessária uma reforma que, na época, não seria viável devido à crise fiscal. A reportagem também questionou a Prefeitura nesta quinta sobre a situação do prédio e se o Município pretende voltar a usar o espaço. Em nota, a PJF informou que a zeladoria do prédio, neste momento, é do Governo federal. “O prédio em questão é de propriedade da União e havia sido cedido temporariamente para o Município”, afirmou em nota.
Prejuízo é de cerca de R$ 15 mil
Após a última invasão, os prejuízos contabilizados pelo Centro Educacional Maria Helena chegam a R$ 15 mil. Segundo a coordenadora pedagógica Kândyce Stopa Ferreira, os invasores roubaram computadores, rádios de comunicação da instituição, eletrodomésticos, torneiras de bebedouros e alimentos, além de quebrarem diversos objetos. A creche-escola é uma instituição privada de educação básica, mas que oferece bolsas integrais a crianças em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Além dos boletins de ocorrência, Kândyce afirmou que a instituição já formalizou reclamação junto à Prefeitura sobre a situação, mas, até o momento, nenhuma medida foi tomada. Para tentar evitar novas invasões, ao longo dessa semana, estão sendo realizadas algumas intervenções na escola, como a colocação de portões e grades e a instalação de câmeras de segurança. Um vigia também foi contratado. “Estamos redobrando a segurança, porque realmente estamos com receio de que isso aconteça novamente. O abandono do prédio (PAM-Andradas) tem nos deixado vulnerável.”