Fala Quem Sabe: Nada será como antes, mesmo

Por Cesar Romero

Jorge Sanglard AOT 3199 2018Fala Quem Sabe

Nada será como antes, mesmo

Eu já estou com o pé nessa estrada / Qualquer dia a gente se vê / Sei que nada será como antes, amanhã / Que notícias me dão dos amigos? / Que notícias me dão de você? / Alvoroço em meu coração / Amanhã ou depois de amanhã / Resistindo na boca da noite um gosto de sol / Num domingo qualquer, qualquer hora / Ventania em qualquer direção / Sei que nada será como antes amanhã / Que notícias me dão dos amigos? / Que notícias me dão de você? / Sei que nada será como está / Amanhã ou depois de amanhã / Resistindo na boca da noite um gosto de sol…

Nada será como antes amanhã ou depois de amanhã quando passar essa pandemia, e vai passar. Mas as sequelas provocadas pelo novo coronavírus serão tantas que por muito tempo ficarão flagrantes como fraturas expostas no tecido social. Cada país vai pagar o seu preço ao sair da pandemia, uns mais outros menos. No caso brasileiro, a tragédia, social, econômica, médica e pessoal, certamente, deixará marcas bem profundas. E um dos setores muito atingidos pelo flagelo do vírus é a área do entretenimento, da arte e da cultura. Shows, performances, espetáculos, turnês foram interrompidos e a volta será em condições mais desfavoráveis do que as atuais, que já são terríveis. Afinal, a incerteza de como e quando se dará a volta deixa o setor do entretenimento, da arte e da cultura totalmente ao Deus dará. E esse é o grande drama, a total falta de perspectivas no curto, no médio e no longo prazo. A retomada no setor de entretenimento pode ser muito dura devido à falta de recursos das pessoas, que estarão mais preocupadas com a sobrevivência, à falta de recursos para custear as montagens e produções, já que os patrocínios tendem a escassear, e à falta de financiamentos a juros mais baixos.

Enfim, o quadro que se vislumbra é sombrio e nada parece com as cores e luzes, que sempre fizeram parte do espetáculo. São tempos difíceis agora e também os que virão. Só a inventividade e a criatividade não serão suficientes para alavancar o setor do entretenimento, da arte e da cultura. Será preciso mais e será preciso que o investimento no setor seja repensado. Sem pão e sem circo, a sociedade tende a buscar saídas pouco ortodoxas. E o pão e o circo não parecem estar ao alcance das mãos nem agora e nem daqui a pouco. Assim, todo cuidado é pouco. O desgoverno que toma conta do país tem se mostrado contra a cultura e as artes e, só isso, já mostra que o caminho da reconstrução será árduo.
Quem sobreviver, verá.

(Jorge Sanglard é jornalista, pesquisador e leitor convidado)

Cesar Romero

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