Ascomcer, uma história em muitas vidas!
Minha história junto à Ascomcer inicia-se em 1968, quando com amigas – de toda uma vida – começamos a planejar diferentes formas de custearmos um “sonho em comum”. E foram incontáveis bazares, bingos, jantares, rifas (atualmente ações entre amigos), pedidos de doações junto a empresários de Juiz de Fora e da região, viagens a Belo Horizonte buscando a oficialização da entidade junto ao INPS (hoje SUS). A trajetória nunca foi fácil, faltavam recursos, mas o foco, a disposição e a boa vontade que norteavam nosso trabalho eram inesgotáveis.
Nas décadas de 1960 e 1970 o diagnóstico de câncer era tão temido quanto uma sentença de morte, isso porque a medicina pouco podia fazer, a não ser um tratamento paliativo, visando minimizar o sofrimento dos pacientes. Muitas foram as perdas humanas, mas nós diretoras e voluntárias, não esmorecíamos e lutávamos por um bem maior e coletivo.
E foi lutando que conseguimos manter um ambulatório para atendimento gratuito de consultas e preventivos, na Rua Batista de Oliveira e um hospital na Rua Cícero Tristão, em Santa Terezinha. Cumpre ressaltar que o tratamento de radio e quimioterapia eram realizados no Hospital Dr. João Felício, graças a um convênio mantido à época. E o que era um sonho começou a esboçar traços de realidade, com a doação de um amplo terreno na então Avenida Independência (atual Presidente Itamar Franco). Da fundação à construção do Hospital Maria José Baeta Reis passaram-se longos anos, até que em 1988, foi finalmente inaugurado, iniciando uma nova era para a instituição, que já contava então, com o reconhecimento e credibilidade, junto à população.
Aos poucos, a Ascomcer foi conquistando também posição de reconhecimento e destaque que ultrapassaram a fronteira do município, sendo oficialmente integrada à Rede Feminina Nacional de Combate ao Câncer. Hoje motivos não faltam para orgulhar-me do dever cumprido e a certeza de ter honrado o nome de todas as mulheres visionárias e batalhadoras que participaram comigo da realização deste “sonho coletivo”.
Muitas foram as conquistas, porém outras tantas necessidades precisam ser supridas. Atravessamos um período de turbulência que afeta igualmente todas as instituições filantrópicas e para dissipar as nuvens do mau tempo faz-se necessário que a população juiz-forana abrace ainda mais a nossa causa tornando cada vez mais a Ascomcer um patrimônio municipal e regional.
Diante deste resumo da nossa luta, deixo, aqui, um pedido especial para que a população mantenha a Ascomcer durante todo o ano no foco de uma causa que precisa sempre e muito de apoio e doações em espécie (através de contato direto com o hospital, nunca com terceiros) e de gêneros de primeira necessidade. E que por fim divulguem em suas redes pessoais e sociais nosso trabalho e necessidades. Muito obrigado.
(Gemma Brandão é voluntária mais antiga da Ascomcer e leitora convidada)