PJF contrata professores temporários para crianças com deficiência
Contratação de 176 profissionais visa atender a estudantes que enfrentam dificuldades para ter acesso às aulas
A Secretaria de Educação da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) confirmou a contratação provisória de 176 professores para a docência compartilhada para atender os alunos com deficiência, até que o Município consiga finalizar a contratação dos auxiliares, profissionais que devem acompanhar os estudantes do 6º ao 9º ano conforme acordo firmado no fim do ano passado. A medida visa a atender esses discentes, que desde o início do período letivo enfrentam dificuldades para ter acesso às aulas em função da falta desses profissionais. Em nota, a pasta explicou que, no momento, os professores contratados estão envolvidos com os trâmites administrativos do processo de contratação, mas a expectativa é que os docentes iniciem suas atividades nos próximos dias.
A volta às aulas, no último dia 18, foi marcada por expectativa e angústia para as famílias dessas crianças e adolescentes. Os pais aguardavam para saber como seria o atendimento de seus filhos, depois do acordo firmado em dezembro com a Prefeitura, que garantia a presença do professor bidocente para os estudantes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental e de profissionais auxiliares para quem cursa do 6º ao 9º ano. Já nos primeiros dias, os pais relataram problemas. “Levei minha filha na segunda-feira (18) para a escola e tive que voltar, porque não tinha nem professor e nem auxiliar. É uma situação chata, porque temos que levantar cedo, dou banho nela. Ela fica toda arrumadinha e quando chega na escola, tem que voltar para casa. É ruim, porque tudo isso gera uma expectativa e se não tiver algo que a atraia na escola, ela não vai querer ficar lá. Mas ela precisa se desenvolver”, disse Rosânia Costa do Nascimento, mãe de Júlia, estudante autista que está no 8º ano.
Ainda de acordo com Rosânia, como a filha tinha consultas médicas na terça e na quarta, não a levou ao colégio. Na quinta, quando retornou, ainda não tinha nenhum profissional e, diante disso, agora ela aguarda comunicação da escola para poder voltar a levar a filha para a sala de aula. “Não levei porque não tem como. Acho uma maldade ela levantar cedo, se arrumar e ir até a escola para ter que voltar. Ela precisa desse atendimento especial, não pode ficar jogada sozinha em uma sala de aula”, afirma a mãe. Na sexta-feira (22), os pais receberam a informação extra-oficial de que a Secretaria de Educação contrataria professores temporariamente em caráter de urgência para cobrir essa demanda. “Se for verdade, vai ser um alívio para todos nós, porque os professores são formados para atender às necessidades dos nossos filhos”, disse, na ocasião.
‘Alívio’
A presidente do Grupo de Apoio a Pais e Profissionais de Pessoas com Autismo de Juiz de Fora e Região (Gappa), Ariene Menezes, também afirmou que a notícia gerou alívio. “Por mais que a Secretaria informe que os diretores têm que aceitas nossos filhos, como uma mãe deixa seu filho a mercê da própria sorte, sem nenhum amparo?! São 183 jovens com diferentes deficiências e necessidades, correndo risco de vulnerabilidade dentro da escola.”
De acordo com Ariene, há famílias que estão buscando na rede estadual a oportunidade de um melhor atendimento aos seus filhos. Ela explica que ocorreram duas reuniões na última segunda-feira (18). Na primeira entre os pais, a comissão da Câmara e a Secretaria, nada foi resolvido. Na segunda, com a participação de vereadores e da Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CMDPD), houve o comprometimento do contato com o Prefeito, que teria se mostrado aberto ao diálogo e decidido pela contratação temporária de professores.