Fala Quem Sabe: A saúde no Dia do Médico
O sistema de saúde brasileiro, como todos nós sabemos está doente. Nosso povo cansando de ser mal atendido, busca com denúncias em suas redes sociais um socorro que não encontra nos postos de atendimento. As razões deste descontentamento são conhecidas: má gestão dos recursos públicos, sucateamento das estruturas de atendimento, falta de investimentos em tecnologia e, principalmente, incentivo para os profissionais de saúde via remuneração adequada e condições dignas de trabalho.
Contudo, no dia 18 de outubro – (Dia do Médico e de São Lucas, nosso patrono)- comemoramos com alegria algumas conquistas importantes, que beneficiam e muito a qualidade de vida dos pacientes.
O que os médicos têm a comemorar nesta data? Aumento da expectativa de vida, relacionado aos novos tratamentos como: uso de biológicos para câncer, artrites, e várias outras enfermidades, atualização constante dos fármacos existentes, tecnologia em exames e cirurgias, imagens/vídeos, telemedicina, homecare, medicina bariátrica e hiperbárica, neurocirurgias avançadas, novas especializações médicas imunológicas. Entretanto, com tantos recursos em estrutura, não pode o médico se esquecer que sua sensibilidade e atendimento humanizado são insuperáveis.
Agora: o que os médicos não têm a comemorar? Faltam profissionais em mais de 550 municípios brasileiros. Pela OMS no Brasil a média é de 176 médicos por 100 mil habitantes. Nos Estados Unidos e Europa a média é de 333. Longa espera para marcação de consultas – SUS e similares. O Brasil gasta 400 dólares/por ano/por habitante e nos Estados Unidos e Europa a média é de 1300 dólares. Entre 2010/2015 o Brasil perdeu 23.000 vagas em leitos hospitalares e 3.300 em UTI neonatal. O Governo tem que investir 10% do orçamento para saúde, mas somente 3,6% estão sendo mantidos. Formação de médicos: déficit de qualidade no ensino médico, duas em cada dez faculdades de medicina não atingiram a nota esperada no ENADE e, no Brasil, hoje, são mais de 250 faculdades; desvios e má administração por médicos em Secretaria de Saúde e hospitais; máfia das próteses e pesquisas falsas, desvio de medicamentos, super faturamento em planilhas de procedimentos. Enfim, nós médicos ao fazermos o juramento de Hipócrates e o exercermos na plenitude em nosso dia a dia, fazemos a nossa parte com brilhantismo, na busca de elevarmos a qualidade e a expectativa de vida de nossos pacientes.
(Aloysio J. Fellet é professor, médico, diretor presidente do Grupo AME e leitor convidado).