Banheiros da UFJF são pichados com frases homofóbicas e símbolos nazistas
UFJF e Faculdade de Direito repudiaram ato e afirmam não aceitar qualquer forma de discriminação ou violência
Banheiros da Reitoria do Campus da UFJF foram pichados com frases homofóbicas e desenhos da suástica, em referência ao nazismo. As marcas de ódio aos homossexuais, como “morte aos gays”, foram percebidas por estudantes na terça-feira (16) e, nesta quarta (17), a Faculdade de Direito foi a primeira a publicar uma nota lamentando “profundamente as inúmeras manifestações de violência e de discriminação, que vêm ocorrendo no nosso país, em clara ameaça à proteção dos direitos fundamentais e dos valores democráticos, especialmente a liberdade de expressão e a proteção da vida e da dignidade humana”. A UFJF também afirmou “repudiar e lamentar veementemente todas as manifestações de racismo, homofobia, misoginia, sexismo ou quaisquer outras formas de discriminação contra a liberdade, verificadas na UFJF e em todo o país”.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) já discutiu o assunto em reunião na noite de terça e traçou algumas estratégias de combate à “violência fascista”. Na próxima sexta (19), haverá panfletagem no campus e nos bairros do entorno alertando as pessoas para a importância da defesa da liberdade democrática. No dia seguinte, uma passeata partirá da universidade em direção ao Parque Halfeld, quando o grupo de alunos mobilizados deverá integrar um movimento que ocorrerá em nível nacional contra essa onda de ataques e de repressão às minorias que se alastra pelo Brasil.
“Ontem, a UFJF foi alvo dessas ações, tendo sido os banheiros do prédio da Reitoria pichados com expressões violentas e abomináveis, dentre elas: ‘morte aos gays’ e ‘morte aos viados’, acompanhadas do símbolo da suástica”, detalha a nota da Faculdade de Direito. “Os 30 anos da Constituição Federal estão sendo celebrados em todo país, mas parece que ainda é preciso (re)aprender seus preceitos mais básicos, a exemplo dos arts. 1º e 5º. Nossa faculdade respeita a diversidade, considerando-a um valor a ser preservado numa sociedade democrática, e não aceitará qualquer forma de discriminação ou de violência”, completa.
Nas redes sociais também houve relatos de pichações semelhantes em banheiros de outras unidades acadêmicas. Para a estudante de Serviço Social e integrante da Comissão de Assistência Estudantil do DCE Raquel Fitt, 21 anos, o caso não é isolado e reflete um movimento que acontece no país inteiro. “Ficamos bem chocados.” Segundo ela, o diretório já estava com reunião marcada para o fim da tarde de terça para “discutir o tema do avanço do fascismo”, e a pichação dos banheiros, obviamente, entrou na pauta. “Precisamos nos organizar para combater isso dentro e fora da universidade”, destaca Raquel. “Acreditamos que esse avanço significa uma perda muito grande dos nosso direitos. É um retrocesso gigantesco que ameaça nossa segurança e nossa liberdade de expressão.”
A Faculdade de Direito também garante não medir esforços pela manutenção da democracia e da diversidade. “Para continuar recebendo e acolhendo nossa comunidade acadêmica independentemente de raça, de gênero, de credo e de condição social, pois acreditamos na força e na importância de cada um e de cada uma para a construção de uma sociedade mais humana”. Antes de a universidade se manifestar, no fim da manhã desta quarta, o DCE cobrou um posicionamento público. A UFJF reafirmou seu compromisso com a democracia e com a defesa de todos os direitos que garantam a cidadania.
Curso de especialização em gênero e sexualidade da UFJF se manifesta
Os alunos e docentes do Curso de especialização em gênero e sexualidade: perspectivas interdisciplinares, da Faculdade de Educação (Faced) da UFJF, também divulgaram, na tarde desta quarta-feira (17), nota de repúdio às pichações homofóbicas em banheiros da universidade. Para os estudantes e professores, as ofensas são “uma agressão simbólica a toda comunidade acadêmica, com fortes características de LGBTTIfobia”: “É imprescindível que haja ações eficientes por parte das autoridades para garantir que a cidadania e o respeito às diferenças sejam plenos.”
O grupo acredita que para modificar a sociedade é necessária a construção de um projeto de educação não heterossexista, não racista e laico. “Esperamos que os órgãos competentes não percam sua missão de investigar e punir dentro da lei os responsáveis por mais este ato violento e cruel.”
A busca de mais espaços para debates e reflexões também é defendida pelos acadêmicos, “para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária”. “Esperamos que todo o segmento reflita criticamente sobre o corrido e proponha soluções para que casos de discriminação/homofobia/racismo/assédio, dentre outras práticas ofensivas e discriminatórias em nossa universidade, e, por conseguinte, em nossa sociedade, sejam repudiadas e punidas, com a finalidade de proteção e garantia dos direitos dos sujeitos.”
Tópicos: ufjf