Com as eleições cada dia mais perto, a tensão dos investidores aumenta e, com ela, vem a troca de posição nos ativos financeiros. De acordo com a provedora de serviços financeiros Economatica, o saldo depositado em ativos classificados como renda fixa aumentou em R$ 56 bilhões desde o início do ano. Um terço (R$ 1,975 trilhão) desses recursos está aplicado em ativos com grau de investimento e baixo tempo de resgate, o que implica em menor remuneração. O volume de recursos aplicados em fundos de ações também cresceu em 35 bilhões de reais, ou 16% desde o final de 2017. Nessa classe de ativos, chama atenção o volume aplicado em ativos no exterior, saindo de pouco mais de R$ 23 bilhões no final de 2017 para quase R$ 46 bilhões em junho de 2018, um crescimento de quase 100% em apenas 6 meses. Já os fundos de previdência apresentaram um modesto crescimento ao longo do ano, pouco mais de 4%.
Fundos de renda fixa com grau de duração livre e indexados foram os que registraram o maior volume de saída de recursos no mês de junho de 2018, cerca de R$ 11,5 bilhões e R$ 7,7 bilhões respectivamente, segundo a Anbima. Essa situação confirma que a aversão ao risco dos investidores cresceu com a insegurança no quadro político nacional, refletindo na volatilidade dos preços dos papeis. Em contrapartida, o tipo de fundos denominado Multimercados Livre (aplica em diferentes tipos de ativos, a depender da conjuntura) registrou resultado positivo, com entrada de R$ 2 bilhões e captação acumulada no ano de R$ 22,3 bilhões. Esse resultado pode ser atribuído à capacidade que esses fundos têm de se adequar aos cenários econômicos, dada a liberdade contratual de adotar diferentes estratégias ao longo de sua existência.
Os movimentos nesses ativos são, de certa forma, esperados, com os investidores buscando menor volatilidade em tempos de incerteza crescente, o que explica o aumento da posição em ativos de renda fixa de curto prazo, fundos de investimento com estratégias flexíveis e o aumento expressivo na posição em ativos no exterior. Some-se a isso a guerra comercial levada a cabo pelo presidente americano contra a China, que traz instabilidade à moeda americana e escalada na relação real/dólar.
Para encerrar, muda o cenário, mas a recomendação permanece: em tempos de muita volatilidade, mas também na calmaria, há que se avaliar com cuidado onde investir o dinheiro. Fatores externos e a proximidade das eleições vão influenciar na cotação das ações e na rentabilidade dos fundos e da renda fixa. Porém, ativos de empresas boas, no longo prazo, tendem a ter uma performance superior à renda fixa e a fundos de investimento. Isso posto, é importante que o investidor esteja preparado emocionalmente para variações momentâneas nos ativos e sempre busque os melhores investimentos e papeis para o seu perfil e metas. Trabalhando dessa forma, conseguirá uma maior rentabilidade para alcançar seus objetivos pessoais não importam quais sejam os resultados das urnas.
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