Gás e combustível: a contramão da economia

No Estado de Minas Gerais, houve uma queda de 40% nas vendas do gás de cozinha desde que a nova política da Petrobras foi adotada

Por Flaviane Santiago, Daniel Corbelli e Larissa Latuf

Inflação sob controle, taxa de juros Selic em queda nos últimos meses e aumento da previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2017 e 2018. Tudo indica que a economia brasileira esteja mais estável, aos poucos superando a crise e aumentando o poder de compra do consumidor. Contudo, não parece ser este o caminho que vem tomando os setores de combustíveis e de gás de cozinha.

Em julho de 2017, a Petrobras adotou uma nova política de preços para combustíveis e gás de cozinha. A empresa passou a reavaliar os preços com maior periodicidade, a fim de se adequar ao mercado mundial e enfrentar a concorrência de importadores. Segundo a estatal, a medida permite “maior aderência dos preços do mercado doméstico ao mercado internacional no curto prazo”, dando a ela condições de competir “de maneira mais ágil e eficiente”.

Contudo, a medidas parecem não favorecer em nada os consumidores. No ano de 2017, o preço médio do gás de cozinha acumulou alta de 19,11%, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). O valor médio do botijão para o consumidor passou de R$ 55,61 em janeiro para R$ 66,24 em dezembro, e chegou a alcançar o preço máximo de R$ 115 no mês de novembro.

Para os combustíveis, o caminho dos preços foi o mesmo. Desde o início da nova política de preços, em 3 de julho de 2017, a gasolina acumulou alta de 27,89% e o diesel de 21,61%. Os reajustes vêm acontecendo com grande frequência, podendo ocorrer até diariamente. Da data oficial de adoção das novas regras pela Petrobras até 28 de dezembro, foram autorizados 61 aumentos e 55 reduções no valor dos combustíveis. Como saldo final, o preço acumulou alta de 29,54%.

No Estado de Minas Gerais, houve uma queda de 40% nas vendas do gás de cozinha desde que a nova política da Petrobras foi adotada, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP, Alexandre Borjaili. A alta no preço do gás acabou prejudicando uma parcela do orçamento familiar, atingindo cerca de dois terços da população, conforme a pesquisa realizada pelo Datafolha. Na mesma linha, usar o veículo pessoal se tornou inviável para muitas famílias, que passaram a adotar métodos alternativos de transporte, como os coletivos e as bicicletas. Além disso, dado que a maior parte das cargas no país são transportadas pelas rodovias, é preciso considerar que a variação do preço do óleo diesel tem efeitos significativos no custo final dos produtos, afetando a população como um todo.

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