ONG quer conscientizaĆ§Ć£o sobre reaproveitamento do lixo
InformaĆ§Ć£o Ć© levada a escolas, salas de espera de postos de saĆŗde e atĆ© para bar da Vila Olavo Costa, onde orientaĆ§Ć£o Ć© nĆ£o descartar o que pode ser reutilizado, alĆ©m de ajudar na economia de Ć”gua
Com a proposta de incentivar a adoĆ§Ć£o de medidas que ajudem a dar a destinaĆ§Ć£o correta ao lixo, a ONG Reute, que resume os termos Reciclagem Utilidade Estendida, dedica-se a uma luta contra hĆ”bitos que jĆ” estĆ£o cristalizados por grande parte da populaĆ§Ć£o: dispensar lixo de maneira incorreta e desperdiƧar o que ainda pode ser reaproveitado. O trabalho inclui falar com as pessoas, repetir informaƧƵes em salas de espera das Unidades BĆ”sicas de SaĆŗde da regiĆ£o e tambĆ©m apresentaƧƵes de teatro de fantoches em escolas, principalmente a Escola Estadual Maria IlĆdia Resende e a Escola Estadual Teodorico Ribeiro de Assis, ambas na Zona Sudeste, com o intuito de sensibilizar principalmente as crianƧas, que se envolvem com as ideias e as replicam em suas casas.
“HĆ” 25 anos eu via o lixo sendo dispensado de maneira inadequada, levado pelos caminhƵes. Fiquei pensando em como esse material poderia virar algo positivo e imaginei o nosso bairro, a Vila Olavo Costa, separando esse material para destinar Ć reciclagem. AtĆ© que eu parei de pensar, decidi arregaƧar as mangas e agir. Convidei meus amigos e montamos uma ONG de preservaĆ§Ć£o ambiental”, conta o idealizador e presidente da Reute, Walter Vanderlei Garcia. Ele explica e mostra como adaptaƧƵes feitas na prĆ³pria casa podem gerar economia de recursos naturais e financeiros tambĆ©m. “Quando falamos de preservaĆ§Ć£o ambiental, nĆ£o estamos falando sĆ³ de lixo. TambĆ©m temos as Ć”guas da chuva, da mĆ”quina de lavar, o uso da energia solar e atĆ© mesmo o Ć³leo de frituras, que, se alĆ©m de poluir quando dispensado da maneira inadequada, faz mal Ć saĆŗde se reutilizado muitas vezes.”
No terraƧo da casa de Walter, o esqueleto de um sistema de coleta de Ć”gua da chuva. Ele diz ter encontrado o modelo na internet. O sistema conecta a calha por meio de tubos a uma caixa d’Ć”gua especialmente posicionada para a coleta da Ć”gua pluvial. Antes mesmo que o dispositivo seja testado, o idealizador projeta a potencialidade do projeto. “O meu sonho Ć© que todas as casas aqui do bairro possam contar com um sistema como esse.” O resultado de se dividir e se dedicar a tantas ideias, vem devagar se consolidando. “Agora, recebo ligaƧƵes das pessoas para buscar algum material. Eu pego e dou direcionamento. Percebo que uma parte jĆ” se conscientizou, mas ainda Ć© muito pouco. Tenho certeza que Ć© um trabalho demorado, porque lidamos com a mudanƧa de cultura das pessoas, e isso nĆ£o Ć© fĆ”cil.
Impacto em diferentes setores
Maria de FĆ”tima Rodrigues de Freitas Ć© agente de saĆŗde na Vila Olavo Costa e participa da Reute desde que foi inaugurada. Ela comenta que a quantidade de lixo que se via pelas ruas da localidade diminuiu, entre outros benefĆcios. “As pessoas, atĆ© entĆ£o, nĆ£o sabiam do mal que faz reutilizar o Ć³leo de cozinha muitas vezes. Juntar muito lixo pode atrair ratos, que podem causar doenƧas. Tudo isso aparece porque nĆ£o tomĆ”vamos esses cuidados. TĆnhamos muito lixo, mas estamos conseguindo mudar as coisas”, avalia. Para ela, trabalhar nas duas frentes, saĆŗde e preservaĆ§Ć£o ambiental, sĆ£o formas de cuidar das pessoas da comunidade. “Acho que a saĆŗde nĆ£o estĆ” sĆ³ em tomar remĆ©dio. A gente fala, mas as pessoas precisam estar cientes de que o lixo Ć© um dos grandes causadores de doenƧas. Se nĆ³s contribuirmos de alguma forma, mesmo que seja fazendo apenas a nossa parte, vamos ganhar muito em saĆŗde.”
No Mercado do JĆŗlio, no Olavo Costa, fica uma das bombonas que recolhe o Ć³leo de cozinha depositado pelos moradores em garrafas PET. O material Ć© recolhido quinzenalmente pela Reciclaminas, e a participaĆ§Ć£o das pessoas tem crescido, conforme afirma o balconista JĆŗlio CĆ©sar de Carvalho. “As pessoas sempre vĆŖm. Vejo que elas tĆŖm se conscientizado e trazem o Ć³leo para descartar aqui. Essa Ć© uma boa iniciativa para o bairro, porque esse Ć³leo, que ia ser jogado no ralo, e poderia entupir os encanamentos ou sujar os rios, vai ser transformado em sabĆ£o, ou em Ć³leo diesel, e aĆ todo mundo sai ganhando.” AlĆ©m do mercado, hĆ” outros pontos que contam com o recipiente para dispensaĆ§Ć£o do Ć³leo. Por meio das bombonas, a Reute alcanƧa outros bairros, entre eles, Nossa Senhora de Lourdes, Jardim EsperanƧa, SĆ£o Benedito e Bom Pastor.
O lixo que pode ser reciclado Ć© tratado por meio de outra parceria, com a Igreja CatĆ³lica do bairro. HĆ” tambĆ©m uma parceria com a empresa e-Ambiental, que trabalha com lixo eletrĆ“nico. A intenĆ§Ć£o, conforme Walter Vanderlei Garcia, Ć© firmar novas parcerias, que ajudem a trazer a energia solar aos lares da regiĆ£o, e outra que possa ajudar a pensar na compostagem como um caminho para o lixo orgĆ¢nico. “Imagina: casa que possa reduzir o consumo da energia, por meio do uso dos raios solares, que Ć© uma energia que traz economia e protege o meio ambiente, estando disponĆvel o ano todo. Seria ideal”, idealiza o presidente da Reute.
Outra frente de trabalho Ć© a separaĆ§Ć£o do lixo eletrĆ“nico. Nesse campo, a parceria Ć© com a empresa e-Ambiental, que coleta os resĆduos para reciclagem. “NĆ³s vivemos em um mundo com muitos produtos que se enquadram na obsolescĆŖncia planejada. Quando falamos em componentes eletrĆ“nicos, 100% dos materiais sĆ£o reaproveitĆ”veis, nĆ£o se perde nada!”, ensina Garcia.
MudanƧa de hƔbito traz economia
Walter tambĆ©m destaca a economia que fez desde que comeƧou a modificar a rotina dentro de casa. “JĆ” cheguei a pagar R$ 186 de conta de Ć”gua. Depois de comeƧar a aproveitar a Ć”gua, a conta foi abaixando. Passou a R$ 99, R$ 78, e jĆ” recebi conta atĆ© de R$ 58. Tenho certeza que, com a instalaĆ§Ć£o do coletor de Ć”gua da chuva, essa economia vai aumentar.” Ele orienta as pessoas que aborda, por meio do prĆ³prio exemplo. “Uso a Ć”gua da mĆ”quina de lavar para limpar o pĆ”tio, o banheiro e atĆ© na descarga. Os usos que podemos dar a esse recurso sĆ£o muitos. Jogamos muita Ć”gua fora. Ela pode e deve ter outra utilidade.”
Como trabalha como representante comercial da indĆŗstria de embalagens, vendendo sacolas de papel e de plĆ”stico, Garcia comenta que os seus produtos tambĆ©m podem ser reciclados. “Vendo esse material que polui, em contrapartida, eu oriento. Ele pode voltar ao uso, nĆ£o Ć© preciso que se dispense na natureza.”
Mesmo lutando para avanƧar em todas essas Ć”reas, ele continua tentando buscar, mesmo que nas ideias mais simples, meios de influenciar mais pessoas. Uma das propostas, nesse sentido, Ć© a instalaĆ§Ć£o de dispositivos para amassar latas e garrafas PET nos estabelecimentos. “As pessoas, atĆ© mesmo de brincadeira, para saber como funciona, vĆ£o manusear os aparelhos. Em algum momento, elas vĆ£o criar o hĆ”bito de descartar os materiais da maneira correta”, diz o presidente da ONG, Vanderlei Walter Garcia. O intuito Ć© diminuir o volume de garrafas e latas que vĆ£o para o aterro sanitĆ”rio e reaproveitĆ”-las nas usinas de reciclagem. “Esses produtos sĆ£o encontrados no nosso cotidiano o tempo todo. NĆ£o Ć© algo difĆcil de modificar e fazer. A intenĆ§Ć£o Ć© deixar um legado importante nessa vida. A gente Ć© passageiro, sei que um dia todos vamos morrer, mas, enquanto eu vivo, faƧo o que posso, sabendo que vou deixar algo positivo. Sei que Ć© possĆvel.” Interessados em fazer parcerias com a Reute podem entrar em contato pelo 3218-7678 ou pelas redes sociais.