Fala Quem Sabe: Símbolos em lugar de sentimentos
Nestes nossos tempos, as redes sociais fazem parte indiscutivelmente da vida de todo mundo. Facebook, WhatsApp, Instagram, Twitter e tantas outras definições de aplicativos sociais são palavras que, há poucos anos, eram totalmente desconhecidas e que hoje tornaram-se partes importantes dos nossos dias, noites e até mesmo das nossas madrugadas insones. Não tem mais volta. Ficamos assim mais e mais absorvidos por estes serviços virtuais e cada vez mais temos certeza da verdade da frase: as redes sociais estão aproximando quem está longe e afastando quem está perto de nós.
Na comunicação que se faz nestes aplicativos, além da perda do contato interpessoal, podemos observar claramente uma involução da comunicação humana. Nunca sabemos ao certo o que aqueles símbolos, ditos ‘emoticons’, querem expressar verdadeiramente. O que realmente significam estes símbolos de comunicação paralinguística?
O ser humano passou milênios inventando palavras, escritas, jeitos, formas, expressões faciais e corporais para se aproximar de um outro ser humano para, por exemplo, dizer “Eu tem amo” ou “Eu sinto muito”. Hoje as pessoas usam nas redes o desenho de um coração ou de uma carinha chorando, que podem significar muita coisa, mas também podem, na maioria das ocasiões, não querer dizer nada. Muitas vezes clicamos nestes símbolos automaticamente. Sim, todos nós fazemos. As manifestações das nossas emoções passaram a ser representadas por símbolos, os quais não conseguimos definir claramente o significado deles. Temos aí uma involução da linguagem. Uma versão muito pobre dos hieróglifos egípcios.
Não se esqueça de que antes não havia Facebook e Instagram, mas sim, cafés e bares, jardins, salas de visita, cadeiras na calçada onde nos encontrávamos pessoalmente com nossos parentes, amigos, vizinhos ou apenas conhecidos para se saborear novidades, consolar dores, discutir ideias ou simplesmente para se estar junto do outro. E, se não havia condições para o encontro físico, existiam cartas, bilhetes, cartões e ‘emails’, onde conseguíamos nos comunicar num longo e expressivo texto no lindo idioma de Machado e Camões.
(Eduardo Brigolini é dentista e leitor convidado)
JF Por Aí