Profissão: produtor rural e atleta
Antônio Gonçalves divide seu tempo entre os cuidados com seu sítio, em Piau, e os treinamentos, coleciona conquistas e irá defender o Brasil no Mundial do Spartan Race, nos EUA
“Acordo em média às 6h, por volta das 8h acabo de tirar leite e de arrumar o curral. Aí vou treinar, almoço, cuido das vacas, deixo tudo arrumado. À tarde, tiro leite de novo e faço outro treino. Minha preparação ocorre em trilhas de Piau (MG), mas depende das corridas que vou fazer.” É com esta rotina que o produtor rural Antônio Gonçalves, 27 anos, nascido no município de Piau, a 45km de Juiz de Fora, e também corredor, conquistou vaga no Mundial de Spartan Race, em que irá defender o Brasil nos dias 30 de setembro e 1º de outubro na Califórnia (EUA). Em menos de cinco anos de carreira, ele coleciona mais de 150 medalhas e 50 troféus.
O evento é considerado a maior corrida com obstáculos do mundo e consistirá em uma prova individual e outra por país, em que ele integra o trio brasileiro formado ainda pelo paranaense Leonardo Meire e a paulista Sul Rosa. A classificação de Antônio veio após o título na categoria de elite do Spartan Race no Rio de Janeiro (RJ), em junho.
“A prova no Rio teve 6km e 22 obstáculos. Fui sem saber o que fazer, porque nunca tinha participado de uma prova com obstáculos. Como não sabia o que fazer, fui atrás do primeiro colocado. No final da prova, passei ele e ganhei”, conta, com simplicidade.
No Mundial, o piauense terá cerca de 21km pela frente com 30 obstáculos. O maior deles, contudo, é bem comum entre atletas locais: a busca por recursos para a viagem. Para juntar a quantia projetada de R$ 8 mil, além da participação já confirmada no Mundial de XTerra, no Havaí (EUA), em dezembro, Antônio promove a Piau Trail Run, marcada para o dia 10 de setembro. A corrida terá percursos de 19km e 7km, com inscrições ainda permitidas no valor de R$ 20. As presenças podem ser confirmadas em Juiz de Fora, nas lojas da TerraBike, Camorra, Pra Correr, na Academia de Piau ou pelo telefone (32) 99810-9308.
Troféus e medalhas tomam uma sala inteira
O início de Antônio nas corridas teve um empurrão. “Corro há cerca de quatro anos e meio. Começou porque eu corria em Piau, e um amigo disse que me levaria para as provas, porque eu iria me dar bem. Fui devagar, e hoje deu muito certo, graças a Deus”, relembra. A partir de então, ele venceu corridas em diversos cantos do país.
Em seu sítio há uma sala reservada somente às conquistas de Antônio. Parte dos troféus, contudo, fica em outra sala. Quase não há espaço para novos troféus e medalhas, tanto que o piauense já estuda um novo e maior local para condensar todos os prêmios em sua casa. A valorização de cada medalha é justificada por significados e experiências de vida diferentes acumuladas em cada resultado.
“Tem 152 corridas que fiz e as conquistas começaram cedo, mas as que mais gostei foi quando ganhei o Ranking de Etapas do Projeto de Braços Abertos, em favelas do Rio de Janeiro (RJ), e o XTerra, que tenho sete vitórias seguidas. Cada medalha tem uma história diferente, mas nem imaginava correr lá fora, disputar provas internacionais. Cada uma é uma vitória para mim, tem um gosto importante, é uma superação”, revela.