Em JF, Meirelles desconversa sobre possível candidatura
Ministro da Fazenda esteve na Convenção da Assembleia de Deus, no Centro da cidade
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, visitou Juiz de Fora entre a manhã e a tarde desta quinta-feira (24), onde participou da Convenção Estadual das Assembleias de Deus no Brasil no Centro Educacional e Social Betel, região central. Diante de lideranças religiosas e demais presentes, Meirelles abordou vários pontos da política econômica do Governo e pediu apoio dos presentes à agenda de reformas em andamento. “Precisamos da oração de todos. Há muitas resistências daqueles que, de alguma forma, se beneficiam do sistema e de recursos públicos.” Como resposta, ouviu dos evangélicos manifestações de confiança de que é qualificado para ajudar o país a superar o momento de turbulência e agrada à comunidade para disputar a Presidência da República em 2018.
Não foi a primeira vez que Meirelles cumpriu agenda similar este ano. Em junho, o ministro esteve em outro evento religioso, também da Assembleia de Deus, no Pará, quando cresceram as especulações de sua aproximação com setores evangélicos para uma possível candidatura em 2018. Sobre uma possível disputa no próximo ano, ele desconversou. “Não trabalho com hipóteses futuras. Minha ideia é fazer o Brasil voltar a crescer. Precisamos continuar criando condições e aprovando medidas fundamentais para isto. Este é nosso maior objetivo”.
Filiado ao PSD desde 2011, o ministro da Fazenda considera o diálogo com a sociedade peça importante na retomada da confiança da população e do mercado na economia do país. “É importante que possamos falar com todos os segmentos da sociedade. É natural que eu compareça em reuniões, como as organizadas por federações empresariais, por exemplo. À noite (desta quinta-feira), vou estar presente a um evento organizado por um grande jornal do país, onde vou falar não só à imprensa, como também ao empresariado. Recentemente, estive na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, falando com a comunidade acadêmica. É importante levar esta mensagem a todo segmento da sociedade, inclusive ao setor evangélico que representa mais de R$ 30 milhões de brasileiros.
Coincidência
Uma coincidência também alimenta as especulações em torno de uma candidatura de Meirelles. Há cerca de 25 anos, em 1992, o país enfrentou o processo de impeachment do senador Fernando Collor (PTC), afastado da Presidência. À época, Collor foi sucedido pelo ex-presidente Itamar Franco. Durante o Governo Itamar, o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), afiançou seu nome como presidenciável, saindo vitorioso das urnas nas eleições de 1994. Hoje, em um cenário pós-impeachment, Meirelles ocupa o Ministério da Fazenda e é visto por parte dos bastidores como candidato potencial ao Palácio do Planalto em 2018.
Situação econômica da região também foi abordada
A presença do ministro da Fazenda Henrique Meirelles foi um dos principais destaques da agenda desta quinta-feira (24) da Convenção Estadual das Assembleias de Deus. Meirelles chegou a pedir apoio direto dos evangélicos presentes ao evento. “O que estamos fazendo é aplicar valores básicos de austeridade, trabalho e retidão, para levarmos para o plano nacional valores individuais e familiares. Precisamos do apoio de todos. Precisamos da oração de todos.”
Em conversas com lideranças religiosas e políticas da cidade, como o deputado estadual Noraldino Júnior (PSC) e o ex-vereador Nilton Militão (PTC), o ministro ouviu demandas específicas de Juiz de Fora e região. Após destacar algumas características locais, Meirelles afirmou que o crescimento da economia nacional poderá impulsionar o desenvolvimento da cidade e da Zona da Mata.
O ministro falou ainda sobre as dificuldades econômicas enfrentadas pelas universidades públicas, cenário que também aflige instituições da região, como a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Meirelles disse estar atento à situação e classificou as universidades como prioridade. No entanto, projetou que a situação dos espaços de ensino superior tendem a melhorar concomitantemente à recuperação da economia do país.
Ministro defende privatizações
Durante sua passagem por Juiz de Fora, Henrique Meirelles defendeu a bandeira das privatizações de estatais, como a da Eletrobrás, que foi anunciada pelo Governo esta semana, e de concessões de serviços e investimentos em infraestrutura como estradas e aeroportos. O ministro refutou argumentos de que a adoção de tal modelo vise apenas “fazer caixa” para bater a meta fiscal projetada pela equipe econômica. “A privatização vai muito além da questão do caixa. Veja o caso da telecomunicação, por exemplo. Houve um momento em que, no Brasil, tinha que se pagar uma fortuna por uma linha telefônica. Era difícil. Era caro. Hoje em dia, todos têm seu telefone celular. Isto foi resultado da privatização. A do setor elétrico vai ser feita agora. É a mesma coisa que foi feita com a telecomunicação.”
O ministro não quis comentar avaliação da Infraero, divulgada pela mídia nacional, de que considera que a concessão à iniciativa privada de alguns dos aeroportos considerados lucrativos irá gerar gastos extras de mais de R$ 3 bilhões ao Governo federal, mantendo a estatal no vermelho por mais de 15 anos, com um déficit estimado em cerca de R$ 400 milhões anuais. “Não comento estudos que não conheço. O efeito da privatização tem sido positivo.” Por outro lado, preferiu destacar o que considera avanços na política econômica, com destaque para o estabelecimento de teto de gastos. “Tudo isto fez com que o nível de confiança da economia do país começasse a aumentar.”