Seleção de Futsal de JF faz vaquinha virtual para captar recursos
Equipe precisa de recursos para transporte e alimentação na próxima etapa do JIMI e para disputar a semifinal do Mineiro
Matheus Policarpo, estudante colaborador sob supervisão da editora Carla da Hora
Elas querem continuar mostrando sua força. A recém-criada Seleção de Futsal Feminino de Juiz de Fora, resultado da união, em abril deste ano, de cinco equipes de futsal locais – Buscapé, Biquense, Tá Jóia, Lastuf e São Bernardo), recorreu ao crowdfunding para participar de competições regionais e estaduais. Com cerca de 20 meninas no elenco, o projeto já visava torneios na região. Porém, após o período de treinos para os campeonatos em Minas Gerais, em março, a Prefeitura Municipal de Juiz de Fora (PJF) anunciou a decisão do fim do investimento de transporte e alimentação do grupo para as os jogos que viriam a ser disputados.
Em nota, a Secretaria de Esporte e Lazer da PJF afirmou que o investimento não aconteceu devido a questões orçamentárias. “Ficamos impossibilitados de viabilizar auxílio aos participantes dos Jogos do Interior de Minas (JIMI) e dos Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG) devido à grave crise financeira pela qual o nosso país atravessa, atingindo todas as instituições públicas”, informou. Além disso, o órgão ressaltou a prioridade de outras ações, como o Jogos Intercolegiais e o Programa Esporte e Lazer da Cidade (PELC).
Após o corte da verba, o grupo criou uma campanha no site de financiamento coletivo ‘Kickante’ para conseguir doações que podem ajudar a equipe com os custos de viagem. Com o objetivo de recuperar a força e a representatividade do futsal feminino no município, o projeto quer reforçar a inspiração, organização e integração para os times de futsal de mulheres no cenário juiz-forano. A campanha segue até o dia 19 de setembro, mês em que o time pretende ir até São João Del Rei para disputar a próxima etapa do Jogos do Interior de Minas (JIMI).
A classificação para segunda fase veio em junho, após a conquista do segundo lugar na primeira etapa do JIMI, com todo custo de viagem sendo pago pelas próprias jogadoras. Em seguida, no mês de outubro, as meninas vão até Governador Valadares para disputar a semifinal do Campeonato Mineiro de Futsal Feminino. “Devido à dificuldade de arrumar parceiros para ajudar, decidimos realizar uma “vaquinha virtual” para tentar levantar o valor para as próximas duas fases. O dinheiro arrecadado vai servir para pagar a dívida da primeira fase, em São João Del Rei, pois tivemos que fazer um empréstimo, e para pagar transporte, alimentação, fardamento e compra de material de treino e jogo (bolas, coletes, material médico para uso em quadra) e aluguel de quadra se for necessário”, explica Jean Phillip, técnico do time.
Hoje, o grupo tem atletas entre 19 e 27 anos. São estudantes e trabalhadoras que dividem esse tempo com o esporte, restando apenas sábados ou domingos para treinar. Além disso, o time não possui um lugar fixo para treinamento. Atualmente, estão realizando as atividades na quadra do Sport Club, espaço cedido pela equipe de futsal Buscapé. “Fazia no mínimo quatro anos que JF não chegava à final da fase microrregional, e esse ano ficamos com o vice-campeonato depois de perder para o time do Alto do Rio Doce, que é representada por um projeto que anualmente recebem um investimento de R$ 300 mil. Estamos tentando otimizar o máximo possível para gente chegar nos campeonatos que a gente disputa com condições de bater de frente com essas equipes que vivem para jogar futsal, que treinam todo dia e tem estrutura completa”, conta Marina Loures, atleta da Seleção de Futsal Feminino de JF.
Modalidade ainda engatinha no país
No Brasil, o esporte feminino ainda caminha para um maior desenvolvimento. Em 2013, o Brasileirão de futebol feminino teve sua primeira edição, enquanto o Campeonato brasileiro masculino surgiu em 1971. Neste ano, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou a ampliação do torneio das mulheres com duas divisões, mais equipes e um aporte financeiro maior por parte da entidade. Outro incentivo são as novas exigências do regulamento de licenciamento de clubes da CBF, Conmebol e Fifa. Nele, a partir de 2019, todas as equipes brasileiras masculinas serão obrigadas a ter uma equipe feminina ou poderão ser impedidas de participar da Copa Sul-Americana e da Libertadores.
Em uma pesquisa feita pelo Ministério do Esporte, o diagnóstico revela estatísticas que comprovam a dificuldade do desenvolvimento esportivo por parte das meninas no Brasil. Os estudos feitos em 2013 apontaram que 41,6% dos homens começam a praticar esporte entre os seis e os dez anos, enquanto, no sexo feminino, o percentual cai para 29,7%. Os garotos também superam as garotas na faixa etária anterior, até 5 anos: 7,1% dos que praticam começaram nessa idade, quando, entre as meninas, a fatia é de 6%.