Sobre a dengue
Vanderlei Tomaz<
Colaborador
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“Foi um tempo de pânico e de grande tristeza para muitas famílias em todas as regiões da cidade”
O ano de 2016 foi um ano em que Juiz de Fora viu eclodir a maior epidemia de dengue (e suas irmãs zika e chikungunya) de sua história. Milhares de infectados e dezenas de mortos. Vítimas em todas as faixas etárias. As redes de saúde pública e privada ficaram altamente sobrecarregadas com tantos atendimentos. Foi um tempo de pânico e de grande tristeza para muitas famílias em todas as regiões da cidade.
Recebi muitas notícias sobre amigos que contraíram as doenças. No caso de alguns, conheço suas casas. Imagino que em seus quintais e jardins não tenham se formado criadouros da larva do mosquito. Sei do cuidado que têm quanto a isso. Mas, ainda sim, foram picados, e foi duro o tratamento. Muitos deles ficaram com sequelas.
Mas de onde veio tanto mal? Do quintal do vizinho? Do copo ou da garrafa lançados na margem da via pública, da ferrovia ou num terreno baldio? Tenho, por convicção, que quase a totalidade dos casos de focos tenha surgido em locais onde o próprio cidadão teria evitado se não fosse negligente nos cuidados preventivos.
Por mais que se faça propaganda oficial a respeito, por mais que se gaste com divulgação dos cuidados que a população precisa ter, somos surpreendidos todos os anos com os novos números dos índices de infestação.
Sei que o Poder Público pode ter até parte da parcela de culpa quando nos espaços sobre seus cuidados o recolhimento do lixo não acontece a contento, a capina não se faz com periodicidade e os entulhos de construção são descartados em locais impróprios e não fiscalizados. Mas os moradores precisam estar mais atentos às pequenas possibilidades de surgimento de um foco: uma calha mal colocada, uma caixa aberta, uma lata largada, um vaso com água parada, uma garrafa ou copo de plástico deixado encostado num canto do quintal ou jardim… São nesses lugares, lugares privados, de uso familiar, longe do alcance da fiscalização municipal que surgem os focos do mosquito.
O mosquito não escolhe quem vai picar. Pode até ser que o dono da casa onde ele surgiu não vá pegar a doença, mas o intruso criado em seu quintal passará por cima de seu muro e encontrará na pele do vizinho um bom local para deixar o mal que carrega.