Fabiana era supertecnológica. Sacava tudo dos gadgets mais modernos. Queria ter um mordomo virtual que nem o Jarvis do Homem de Ferro. Ou do Mark Zuckerberg.
Leopoldo amava Fabiana e sabia que ela era supertecnológica. No aniversário dela, ele deu de presente um smartphone supertecnológico que vinha com um assistente virtual supereficiente.
– Que demais isso, amore! (Fabiana adorava chamar Leopoldo usando vocativos adjetivados com tempero latino.)
O assistente virtual fazia as ligações por Fabiana.
Pedia pizza para o casal.
Escolhia músicas.
Pagava contas.
Era demais.
Ele se chamava Pablo. Bem latino. E tinha uma voz linda.
Fabiana estava encantada. Acionava o aplicativo só para bater um papo.
Pablo era tão compreensivo. Solícito. Gentil.
E não deixava toalha molhada em cima da cama.
Nem gostava de futebol.
Se fosse homem, seria um homão.
Ocorre que Fabiana deixou de assistir filmes no sofá com Leopoldo para ficar no quarto com Pablo. Rindo.
No almoço, não falava e sequer levantava a cabeça, de olho na telinha. E quando ia para a cozinha lavar a louça, Leopoldo podia ouvir Fabiana sussurrando na sala de estar.
Um belo dia Leopoldo chegou mais tarde em casa e Fabiana já estava na cama. Com Pablo. Falando lascivamente.
Foi demais para ele.
Derrotado por Pablo, fez as malas e foi embora.
Há quem diga que a inteligência artificial está acabando com a família tradicional brasileira.
Pablo, seu assistente virtual