Muito mais que um jogo
Na última quarta-feira, enquanto assistia à final da Copa do Brasil, tive uma epifania. Foi como o óbvio ululante de Nelson Rodrigues. Sempre esteve lá, mas só me atinei para a coisa naquele instante. Com a confirmação do título da Copa Sul-Americana para a Chapecoense, o clube catarinense vai disputar a decisão da Recopa 2017 contra os campeões da Libertadores. Até aí, tudo bem. Nada mais justo. Acontece que o atual vencedor da “Liberta” é nada mais, nada menos que o Atlético Nacional, clube que seria o adversário na decisão que não aconteceu e terminou em tragédia. Além do confronto remeter ao acidente, os laços entre a Chape e os colombianos foram estreitados por conta das belíssimas homenagens às vítimas feitas em Medellín.
Desenhado tal horizonte mental, fiquei tentando imaginar quais emoções estariam envolvidas no duelo. Qual filme irá passar na cabeça dos futuros atletas da Chapecoense ao embarcar em um avião com destino à Colômbia? Quais sentimentos afligirão os torcedores? Qual será o comportamento da torcida colombiana? Por quem os brasileiros vão torcer? Honestamente, não sei as repostas para nenhum destes questionamentos. Tais perguntas, contudo, só reforçam uma certeza: toda paixão que move os torcedores faz do futebol algo muito maior que um simples esporte.