Estado reduz salas de magistério em JF
Cerca de 60 alunos que estavam inscritos para participar do curso de magistério do Instituto Estadual de Educação (Escola Normal) – única instituição da cidade que ainda oferece este tipo de ensino – irão ficar de fora das salas de aula. Isso porque a Secretaria de Estado de Educação (SEE) autorizou a criação de apenas duas turmas, e não das quatro que estavam previstas. O Estado afirma que há restrição orçamentária para abrir todas as turmas. “Se estão cortando gastos com a educação, que alternativa nos resta, se não podemos pagar um curso ou uma faculdade? Na Escola Normal, o magistério é gratuito”, questiona uma leitora, que preferiu ter o nome preservado.
Conforme o diretor da instituição, Leonardo Ferreira, para amenizar o prejuízo, a escola acordou com os alunos e professores em formar duas turmas de 60 estudantes, e não de 45, como era previsto. “Muitas pessoas largaram bicos que tinham para investir no magistério e tentar algo melhor. A lei diz que, se tiver demanda, tem que abrir turma, mas a gente não vê isso ser cumprido. Tem gente de outras cidades que iriam vir realizar o curso aqui. Já temos uma lista de 150 nomes para o ano que vem. A gente está com a procura muito grande, principalmente porque as creches passaram a exigir o magistério.”
Em nota, a SEE esclareceu que, “com o objetivo de atender à demanda de curso normal em 402 municípios de todo o estado e com a dificuldade orçamentária enfrentada, neste semestre foram autorizadas a abertura de duas novas turmas no Instituto Estadual de Educação de Juiz de Fora. Para os próximos semestres, há a perspectiva de abertura de mais turmas”.
Apagão de professores
A professora do curso de pedagogia da UFJF Cláudia Avellar Freitas explica que, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o magistério não teria mais função. “Legalmente, o professor não pode ser formado apenas no nível médio. Tem que ter superior de licenciatura ou pedagogia. Mas o magistério ainda é aceito em séries iniciais e na educação infantil.”
Ela afirma que os cursos de pedagogia e licenciatura estão recebendo cada vez menos alunos já que as pessoas não querem mais ser professores. “Futuramente, teremos um problema grave. Vamos ter um apagão de professores. O que já temos em áreas como matemática e física. Assim, ou a profissão será valorizada ou começarão a contratar quem não tem a formação adequada para isso.”