Oito presos em fraude de vestibular de medicina
Atualizada às 21h09
Oito pessoas foram presas neste sábado (14) após tentativa de fraude ao processo seletivo da Unipac-JF para o curso de medicina. Entre eles, quatro candidatos, de idade entre 19 e 21 anos, que foram pegos no início da tarde, usando pontos eletrônicos durante o exame, e o pai de um deles. À noite, por volta das 18h30, três homens suspeitos de liderarem a quadrilha que articulou o esquema foram presos em um veículo no estacionamento do Independência Shopping. Todos foram conduzidos à Delegacia em Santa Terezinha, onde prestaram depoimento.
Os quatro jovens presos durante a tarde são naturais das cidades de Belo Horizonte, Governador Valadares, Malacacheta, no Vale do Mucuri, e Itambacuri, no Vale do Jequitinhonha. Eles estavam sendo ouvidos na delegacia, quando receberam a ligação telefônica dos supostos mandantes da quadrilha, para que fossem encontrá-los no shopping após a prova.
A prisão foi efetuada após investigações que demonstravam a participação de um dos jovens em processo seletivo anterior, após informação da Polícia Civil de Itaperuna (RJ). Os policiais já possuíam o nome, a foto de um deles e sabiam qual era o carro em que se deslocariam. Junto deles, estava um comerciante de 48 anos, pai de uma das jovens, que dirigia um Volkswagen Jetta que os levou até o local da prova, no Bairro Granjas Bethânia.
Dentro da universidade, os quatro jovens foram acompanhados pelos policiais, que se passaram por fiscais da prova. Ao notarem que o homem que os aguardava poderia deixar o local, no horário de início da seleção, os policiais realizaram a abordagem deste homem, encontrando aparelhos de ponto eletrônico no carro. Os candidatos foram então retirados do recinto, entregando os pontos que utilizavam, escondidos no sutiã e na calça.
De acordo com a titular da 4ª delegacia, Ângela Fellet, que comandou a operação, eles serão enquadrados pela tentativa de ferir o artigo 311-A do Código Penal, referente a fraudes em certames de interesse público. “Por se tratar de um crime afiançável, os valores serão avaliados. A pena pode chegar até quatro anos, mas eles vão ser enquadrados pela tentativa já que não tiveram tempo de agir”, afirmou.
A Polícia Civil tentou ainda identificar a origem do sinal dos pontos eletrônicos nas imediações, inclusive averiguando carros estacionados, no entanto, não foram encontrados suspeitos. De acordo com a delegada, as investigações irão continuar para se encontrar o cabeça da quadrilha que oferece o serviço. O delegado de Homicídios, Carlos Eduardo Santos Rodrigues, que prestou apoio na operação, informou que eles poderiam ter pago, se aprovados, até R$ 50 mil pelo serviço.
“Processo é terceirizado”
O procurador da Unipac, Danilo Esteves, esclareceu que o processo seletivo do vestibular da instituição de ensino é terceirizado. “A Unipac não participa do vestibular. Ele é organizado por uma empresa. Se houver alguém da instituição envolvido, queremos que ele seja punido”, frisou o advogado. “Neste caso, nós somos vítimas. O nosso maior interesse é coibir esse tipo de delito” O processo foi realizado por 500 inscritos para 68 vagas.
O Instituto Brasileiro de Gestão e Pesquisa, responsável pela prova, informou ter prestado todo o apoio à Polícia Civil antes e durante a operação. “Nos colocamos à disposição para que a polícia atuasse à paisana, inclusive disponibilizando crachás e colocando em locais estratégicos para que realizassem a operação”, explicou à Tribuna a diretora de projetos, Anna Sophia Candiotto Pereira. Segundo ela, o tempo de prova, antes previsto para cinco horas, foi ampliado em mais uma hora, para prorrogar o tempo de sigilo e evitar qualquer vazamento.