Agora é trabalhar


Por Paulo Cesar de Oliveira, jornalista e diretor-geral das revistas Viver Brasil e Robb Report

30/10/2014 às 08h35

Palanque desfeito, mandato garantido, é hora da presidente Dilma determinar o fim da festa e o inicio imediato do trabalho de governar do qual, por forças das circunstâncias, andou afastada nos últimos dias ou meses. Há providências tão necessárias quanto urgentes a serem tomadas. A primeira delas, e que terá que ser conduzida diretamente por ela, é conter os exaltados e eufóricos. Se quiser mesmo a paz, a conciliação, como anunciou em discurso de vitória, ela precisa acabar com a beligerância da periferia do poder, sempre presunçosa e autoritária.

Ensina a boa técnica militar que “aos inimigos, ponte de prata”, o que significa dizer que não se deve destruir as pontes para um entendimento. E talvez neste momento o mais urgente seja com o mercado. Os petistas, Lula mais especificamente, fizeram do mercado alvo de ataques como se fossem empresários e o setor financeiro culpados pelas mazelas do país, divisor entre “nós pobres e eles ricos”.

E para acalmar os ânimos na economia, e não digam que isto não é essencial, ela deve anunciar desde já que comandará a Fazenda em seu próprio mandato. Guido Mantega não será, posto que – lembram-se? – ele foi desautorizado e praticamente demitido em plena campanha. Se não será ele mesmo, quem será então? Definir logo um nome para evitar especulações das quais, ressalte-se, o mercado tanto gosta.

Dilma prometeu na campanha que fará um segundo mandato bem melhor do que o primeiro. Muito do que disse, sabemos todos, não será cumprido. Mas uma das promessas é essencial, se ela tem mesmo o compromisso de melhorar o país. A presidente está no dever de colocar logo na mesa o seu projeto de reforma política para discussão da sociedade. Debatê-lo logo para que a proposta chegue ao Congresso no dia da abertura dos trabalhos de 2015. Se não fizer isto logo, não fará reforma alguma.

Finalmente, como prometeu, ela precisa tratar da corrupção. Não apenas desmentir que haja corrupção. Aí é perder tempo. Como ela disse na campanha e no discurso da vitoria, acabar com a impunidade.

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