O transporte ferroviário em JF


Por JULIO GASPARETTE Presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora

29/10/2014 às 07h00

Por conta dos transtornos na área urbana do município, notadamente no trânsito, a linha férrea é vista já há algum tempo pela maioria dos juiz-foranos como um problema a ser resolvido. Ao longo dos meus quatro mandatos como vereador, acompanho as discussões envolvendo a questão, e quase todas as soluções aventadas apontam para a necessidade de criação de um anel ferroviário em Juiz de Fora, tirando o tráfego de trens de carga da área urbana.

O caminho deve mesmo passar pela implantação de um desvio na rota do minério, mas a questão precisa ser colada de forma diferente. O contorno ou anel ferroviário, que acabará com o tráfego de cargas na área urbana do município, deve ser consequência de uma arrojada política de fortalecimento do transporte público de passageiros. O simples término do fluxo de trens de minério não vai solucionar os problemas do trânsito de Juiz de Fora.

O tráfego de cargas pela via férrea deve migrar da área urbana de Juiz de Fora para o novo trajeto na proximidade do Rio do Peixe, iniciando em Sobragi até a Mercedes-Benz, dando lugar ao transporte de passageiros. Para isso, torna-se necessária a união dos entes federativos – Município, Estado e União – com a iniciativa privada. É possível encontrar uma solução que contemple os interesses do cidadão juiz-forano e de algumas cidades vizinhas, como Matias Barbosa e Santos Dumont, das empresas que operaram o transporte coletivo urbano e da MRS Logística S.A.

Juiz de Fora pode ser pioneira no Brasil na adoção do sistema de pequenos e médios operadores ferroviários, semelhantes às chamadas short lines nos Estados Unidos. A grande maioria dessas linhas curtas é de pequena extensão, com até 50km, surgidas com o descarte de ramais deficitários pelas ferrovias americanas. No ano passado, o BNDES lançou um estudo mostrando a viabilidade deste modelo também aqui. Entre outras vantagens, os pesquisadores mostraram a redução da tarifa em relação ao transporte público rodoviário.

A conjunção de três fatores – o início de novos ciclos governamentais, as discussões sobre o modelo de transporte público coletivo municipal e as negociações para renovação da concessão da linha férrea – cria um momento propício para se resolver de forma definitiva a questão do transporte em Juiz de Fora. Não vamos perder essa oportunidade.

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