O impacto do Enem


Por FABRÍCIO VIEIRA DE MORAES, COORDENADOR PEDAGÓGICO DO ÉTICO SISTEMA DE ENSINO DA SARAIVA

27/10/2013 às 07h00

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tornou-se, nos últimos anos, um dos grandes protagonistas da educação brasileira. Para quem vê graves problemas nesse exame nacional ou para quem aposta em seus benefícios, o fato é que o Enem chegou para ficar e provocou um claro impacto na forma como as escolas do ensino médio preparam os seus alunos.

Termos antes restritos ao âmbito pedagógico, como habilidades e competências, foram incorporados no dia a dia de jovens e suas famílias. A divulgação dos rankings preparados pelos jornais respinga (para bem e para mal) no prestígio das instituições e afeta mesmo índices de matrículas e fidelização de alunos.

Por essas razões – e por muitas outras -, o Enem não pode ser olhado como algo de pouca importância por nenhuma escola, tampouco deve ser temido. A divulgação dos resultados e a realização das provas têm de ser previstas no planejamento estratégico administrativo e pedagógico, porque, de fato, são importantes, seja para os alunos (e suas possibilidades de acesso ao ensino superior, por exemplo), seja para a instituição de ensino (que pode se ver às voltas com problemas ou surfar na onda, conforme seus resultados).

Isso quer dizer que é preciso investir mais inteligência, trabalho e recursos nas atividades relacionadas ao Enem. Estamos falando de olhar com critério para os resultados, analisar os gráficos de desempenho, ver os pontos fortes e fracos e orientar o trabalho pedagógico, para que as turmas seguintes possam se beneficiar do aprendizado geral para a instituição, e também preparar a comunicação institucional para administrar crises ou colocar a banda na rua.

Em uma palavra: aprendizado. A cada novo Enem, a escola tem uma excelente oportunidade de aprender, de se aprimorar, refinar métodos, olhar-se com coragem para vencer obstáculos e ter metas compartilhadas. O bom gestor não teme o Enem: prepara-se com realismo e traça planos para melhorar, sem subterfúgios.

Muitas escolas vêm conseguindo aprimorar seu trabalho pedagógico dessa maneira, mesmo que, off the records, critiquem o exame e a polêmica muitas vezes desinformada que a mídia propaga sobre o que de fato os dados significam. Está certo. Afinal, ninguém é obrigado a concordar com a proposta, muito menos com a forma com que os dados são divulgados. Mas é uma miopia de liderança fingir que nada está acontecendo e perder uma chance concreta de levar a escola a um novo patamar de qualidade.

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