Cristo Redentor de verde


Por Débora Fajardo, jornalista, mestre em Comunicação e ativista da causa celíaca/inclusão alimentar

21/05/2019 às 06h58- Atualizada 21/05/2019 às 07h36

Neste 20 de maio, o mais famoso cartão-postal do Brasil vestiu-se de verde para, pela primeira vez, chamar a atenção para a doença celíaca/IGNC (intolerância ao glúten não celíaca). A iniciativa partiu de voluntários ativistas dessa causa que, mesmo enfrentando não poucos obstáculos e desafios para concretizar esse sonho, receberam também o imprescindível apoio de entidades e empresas.

As últimas estimativas dão conta de que a DC afeta dois milhões de brasileiros. Mas não há estatísticas oficiais, e há grandes chances de que esse número seja bem maior. Apesar do número expressivo de pessoas afetadas, a DC/IGNC é subnotificada, difícil de ser diagnosticada, e muitos pacientes desconhecem o problema. Suas consequências são danosas, podendo acarretar em várias doenças decorrentes, dentre as quais problemas na tireoide, diabetes, dermatite e alguns tipos de câncer.

O trigo, fonte mais comum de glúten, não é uma planta nativa da nossa terra, mas tornou-se o alimento mais consumido pelos brasileiros, provavelmente por uma imposição cultural. E a “terra brasilis” – rica, farta e generosa pela própria natureza – viu relegados seus alimentos nativos, trocados por um produto importado.

Iluminar o Cristo Redentor de verde em prol da causa celíaca é uma grande façanha simbólica num país de fracas memórias, frágil consciência de cidadania, desigualdades seculares e onde a noção de “inclusão” é ínfima. As pessoas precisam saber o que é o glúten e a quem ele faz mal, bradam os celíacos – que remam contra um descaso histórico com a doença.

Maio é verde! Maio é mês nacional e internacional do celíaco. Maio tem o Dia Municipal do Celíaco em Juiz de Fora. E no Rio de Janeiro, num dos pontos mais visitados do país, a imagem do Cristo Redentor se reveste de verde para chamar a atenção sobre uma causa – mesmo que ela não esteja na agenda do Ministério da Saúde.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.

noscript
X