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Prevenção e resiliência aos desastres

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A catástrofe ambiental ora em curso no Rio Grande do Sul escancara a urgência de ações de prevenção e resiliência no país.

Historicamente, o Brasil tem aplicado remediação frente aos desastres, em detrimento de políticas públicas de segurança e prevenção ambiental. É preciso se ter cultura de segurança (inverso do risco), a qual é incipiente no país.
Todo risco pode ser previsto e mapeado: não é preciso acontecer um desastre para sabermos de antemão o que pode ocorrer caso ele se efetive. Exemplos de avaliações de risco podem ser citadas aqui: as previsões dos escorregamentos na região serrana do Rio de Janeiro em 2011; os alertas prévios do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) referentes às elevadas precipitações e consequentes inundações atuais no Rio Grande do Sul; e mesmo os mapeamentos de risco a escorregamentos realizados por esse autor para Juiz de Fora.

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Mas por que nada foi feito para pelo menos amenizar as consequências de todas essas catástrofes? Dentre as nefastas atitudes governamentais, está a de que “prevenção é custo, e não investimento”. O problema é que, caso um evento ocorra, o custo de recuperação será muito maior.

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Aqui podemos inserir a questão da resiliência, a qual está acoplada à prevenção. Definimos resiliência como a capacidade de um sistema se recuperar frente a um evento desestabilizador. Assim, uma obra (ou política pública) não precisa somente aumentar a segurança para que um determinado evento não ocorra; ela vai precisar também ser efetiva e gerar resiliência caso o evento venha a ocorrer. Aqui visualizamos o hercúleo trabalho que temos pela frente no Brasil, pois: 1. O país constrói suas cidades sem planejamento adequado, com um vergonhoso sistema de saneamento, além de propiciar ocupações do solo em áreas vulneráveis e uma crescente e inadequada flexibilização da legislação ambiental. Se conseguirmos resolver essas questões, podemos passar para: 2. As mudanças climáticas impõem um novo normal, onde as aglomerações urbanas deverão estar preparadas (resilientes) para eventos extremos; isso significa respeitar as avaliações de risco existentes, visando reurbanizar locais de alto risco a enchentes e escorregamentos, promover educação ambiental e treinamento para as comunidades e integrar ações entre os níveis federal, estadual e municipal visando estabelecer programas de apoio às vítimas com assistência financeira (reconstrução e infraestrutura) e psicológica.

Será que vamos conseguir?

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