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A ferrovia e a cidade

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José Luiz Britto Bastos

Especialista em engenharia de transportes

 

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“Essa inércia preocupa, denota desídia da parte das autoridades, indicando ausência de força política para solucionar um problema que tanto afeta a população”

Por questões óbvias, o tráfego ferroviário que corta a cidade interessa ao município. Para a população, no entanto, a passagem desses trens é um estorvo. Afinal, enfrentar os transtornos diários causados pelos constantes fechamentos de cancelas das passagens de nível é uma tremenda perda de tempo para o trânsito e enorme risco de vida para os pedestres, que, imprudentemente, costumam atravessar os trilhos na frente das pesadas locomotivas, sabe-se lá por quais razões!

O fato é que as passagens de nível têm que acabar. A cidade não pode conviver com esse entrave. Isso é notório, mas há quem faça “vista grossa e ouvido de mercador” sobre esse impostergável clamor público. Parece, no entanto, que a concessionária da ferrovia pouco se importa com isso, pelo menos é o que se deduz de uma recente entrevista de um funcionário à Rádio CBN/JF. À ferrovia o que interessa é que os trens continuem trafegando e ponto final.

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Inócuas têm sido as discussões sobre as opções da transposição da ferrovia. Muitas audiências públicas foram realizadas, inúmeras sugestões, apresentadas e discutidas. É tudo perda de tempo. Essa inércia preocupa, denota desídia da parte das autoridades, indicando ausência de força política para solucionar um problema que tanto afeta a população.

As soluções apresentadas para a transposição da via férrea passam pela construção de trincheiras, viadutos, rebaixamento da ferrovia e o anel ferroviário. Trincheiras e viadutos resolvem os problemas do trânsito de veículos, mas não resolvem os riscos a que ficam expostos os pedestres, que atravessam os trilhos em nível. O anel ferroviário é obra de difícil realização em face do alto custo (R$ 1 bilhão). O rebaixamento (de custo ¼ menor que o anel ferroviário) é uma solução que acaba de vez com as passagens de nível da área central da cidade e com os riscos de acidentes, permitindo livre tráfego dos trens numa trincheira longitudinal, a dez metros de profundidade.

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A “pá de cal” fica por conta da certeza da impossibilidade de se usarem os trilhos da ferrovia para o transporte urbano de passageiros, até porque, para isso, haveria a necessidade de duplicá-los entre o Centro e Benfica.

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