Oi, Big Data. Sou eu de novo
Embora eu saiba que o avanço da tecnologia é muito benéfico se usado com sabedoria, (…) não nego que em mim causa uma angústia (…)
A primeira vez que ouvi falar em Inteligência Artificial, dita exatamente desta forma, foi no filme do Spielberg em 2001. Sofri acompanhando a história do primeiro menino robô programado para amar, afinal, o que um homem basicamente otimista e sentimental como Spielberg faria com um projeto originalmente criado pelo racional e fundamentalmente cínico Kubrick? Uma história fadada ao final sombrio, mas que briga o tempo todo para deixar o espectador feliz em alguns momentos.
Kubrick certamente se interessou em questionar o verdadeiro sentido do amor (egoísta ou altruísta?) e deixar que o público refletisse, através de suas bagagens individuais, por que as pessoas procuram tanto por ele, já que é um sentimento que invariavelmente levará ao sofrimento, posto que a separação (por morte ou rompimento) é inevitável. Kubrick jamais se cansava de investigar a natureza humana. Enquanto Spielberg, mestre em provocar emoções às claras, não se intimida em utilizar este conhecimento.
Em 2023, quando o termo Inteligência Artificial passou a ser mais popularmente reproduzido, me vi novamente no turbilhão de emoções do avanço tecnológico. Só que agora sem sétima arte. É realidade na ponta dos dedos, num misto de receio e encantamento.
Pode ser que meu medo seja pelo pouco conhecimento da ferramenta. Particularmente, tudo que é novo, sobretudo voltado para às tecnologias, me causa alguns desconfortos. Mesmo evitando termos como “robotização”. Mas, “humanas” que sou, pendi primeiro para aquele lado receoso do ser criativo/sensível/crítico/sonhador.
Enfim. Sabemos que inteligência artificial é um ramo da Ciência da Computação que busca construir mecanismos, físicos ou digitais, que simulem a capacidade humana de pensar e de tomar decisões.
SIMULAR: transitivo direto/fazer parecer real (o que por si não é).
Sei também que ela está nos assistentes pessoais, na análise de dados, nos veículos autônomos, entre outros objetos que fazem parte do cotidiano (vide Siri, Alexa, microfonezinho do seu celular e eticétera (não sei por que, mas amo escrever eticétera)).
Isso, claramente, já nos faz usuários, uma vez que estamos inseridos nessa sociedade. Nesse caso me refiro a apenas uma parcela da população se comparamos com milhares de brasileiros que nem acesso à internet têm. Ok, desigualdade social é tema abrangente, específico, e não é o assunto agora.
Voltemos para a IA, intimamente falando, mas sem intimidade nenhuma. Embora eu saiba que o avanço da tecnologia é muito benéfico se usado com sabedoria, e que estamos caminhando para avançar cada vez mais, não nego que em mim causa uma angústia e que aqui vou chamar de cautela: não vamos esquecer de que nosso coração, cérebro e todo nosso sistema nervoso não é uma máquina. E isso é tão importante quanto entender que mesmo assim, paramos de funcionar quando deixamos de usá-los.
Sigo acreditando que vai ser difícil o ChatGPT substituir uma conexão humana, assim como a mãe, no filme de 2001, que sabia do amor programado para ser sentido. Por isso não conseguia retribuir.
E torcendo para que a gente não se esqueça disso.