O valioso deserto
‘Por isso, aprendamos a agradecer pelas dificuldades e pessoas difíceis, pois são estas que nos auxiliam no tratamento de nossos desertos e lacunas.’
O deserto sempre foi um local convidativo para a meditação, a reflexão e o amadurecimento das ideias mais caras. Todavia, além do ambiente exterior, há também o reino “de dentro”. Recolher-se para seu interior é observar e organizar com precisão as ideias e pensamentos para o alcance dos resultados desejados. Transformar o cenário árido, improdutivo e inóspito em legítimo jardim de bênçãos, paz e amores constitui tesouro imortal e condição ímpar para a superação de obstáculos.
É o enriquecimento individual com os nutrientes de uma terra fértil para os bons frutos e também, um ambiente de proteção e refazimento para as horas difíceis. Contar com um refúgio interior é ser capaz de suportar quase “todo como” e de estar em equilíbrio para harmonizar as pessoas, situações e problemas difíceis. Não se vencem os lobos ferozes da matéria sem o devido cantinho interior, pois a batalha é demorada, e o avanço depende do livre arbítrio e das escolhas de cada um. Além disso, não é possível forçar o amadurecimento, mas persistir com tolerância na repetição das lições para a iluminação.
Mais do que aprendizes dispostos ao trabalho sem fim, há uma variedade de pessoas, algumas ainda mais atentas às responsabilidades da espiritualidade, outras nem tanto.
O lugar deserto pode crescer em qualquer parte. Mas para o discípulo de Cristo, o trabalho disciplinado em favor da transformação de si e do mundo representa a fidelidade do jardineiro em seu embelezamento geral. Fazer do deserto autêntico paraíso interior de Deus e da consciência desperta o ser para caminhos e planos ainda superiores, tal como o estagiário que recebe propostas cada vez mais complexas de tarefas, desafios e recompensas.
Por isso, aprendamos a agradecer pelas dificuldades e pessoas difíceis, pois são estas que nos auxiliam no tratamento de nossos desertos e lacunas. A tempestade traz a chuva bendita, bem como as possibilidades futuras que não existiriam sem as mudanças. Mais do que a paz da inércia, a paz do trabalho, de estar indo no caminho certo. O sentir do progresso, seja pela diminuição dos pontos fracos internos, seja pelo fortalecimento das fortalezas interiores.
Cabe a cada um o projeto de autodesenvolvimento, pois a paz de Cristo passa necessariamente pela transformação individual e pela ação disciplinada no bem, no belo e na verdade de Deus.