A infestação do mosquito e a limpeza urbana


Por Vanderlei Tomaz, colaborador

09/07/2019 às 07h00- Atualizada 09/07/2019 às 21h07

Há alguns anos, a Prefeitura de Juiz de Fora realizou uma importante campanha contra os possíveis criadouros do mosquito Aedes, responsável hoje por três doenças que estão alarmando o país inteiro. Estávamos no terceiro ano de governo.

Foram dezenas de milhares de toneladas de lixo recolhidas em um fim de semana apenas numa região da cidade. Recolhimento parecido aconteceu em outros fins de semana em todas as outras regiões de Juiz de Fora.

Recordo-me de um secretário municipal dando-me a notícia e comemorando o resultado. Eu disse a ele: “Isso não é para comemorar. Estamos quase chegando ao fim do governo, e em pleno verão é feita uma campanha dessa?! Deveríamos comemorar quando não se recolhe nada. Sinal de que não existe lixo acumulado no quintal de ninguém. Milhares de toneladas de lixo recolhidas em um fim de semana são prova de que esse lixo deixou de ser recolhido ao longo do ano ou dos últimos anos”.

Vejo uma luta incessante agora diante do alto número de vítimas que o mosquito Aedes tem feito em nossa cidade.

É preciso, desde já, preparar a cidade para o próximo verão. Penso que o período de julho a novembro deveria ser de intensa campanha de varrição, capina, recolhimento de entulhos de obras, vistorias de calhas e coberturas, limpeza de lotes vagos e de imóveis abandonados, incentivo aos agentes de saúde e fiscais de postura para intensificarem as ações que lhes dizem respeito, fortalecimento da vigilância epidemiológica e dos serviços de limpeza urbana… E, ainda, que seja desenvolvido um amplo projeto de recolhimento do lixo que pode ser reciclado, estimulando que não haja sua mistura ao lixo doméstico e que aumente a renda de quem recolhe e comercializa.

É urgente que a população assuma sua grande parcela de culpa pelo descarte errado dado ao lixo que produz.

Também é preciso pensar em um projeto que envolva Demlurb, Defesa Civil, escolas, clubes, igrejas, associações de moradores, secretaria de Educação, Saúde e de Atividades Urbanas e Meio Ambiente, na formação de crianças e jovens agentes fiscais da comunidade.

Será que falei algo impossível de ser feito? Será que falei algo caro demais para realizar? Ou estão sendo menos dolorosas e mais econômicas as despesas imprevisíveis que se tem hoje com o tratamento dos doentes? Ou fica mais fácil organizar campanhas apressadas, imprimir e espalhar cartazes e panfletos, mobilizar em poucos dias Exército, secretarias, igrejas, escolas, servidores municipais cansados pelo volume de serviço e pressões internas e lideranças comunitárias para, em poucas semanas, darem um fim no mosquito?

O mosquito do verão passado se reproduziu com a liberdade que teve ao longo das estações anteriores. Desejamos que ele não apareça no próximo. Teremos duas estações pela frente para consumi-lo de vez.

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