A salvação à luz do Concílio Vaticano II
“Como alcançar a salvação? Só Deus salva, e Seu instrumento de salvação é a Igreja”
Para a fé, o que significa “salvação”? Salvar significa libertar do mal. A salvação tem a ver com o destino do homem de viver eternamente com Deus, e isso consiste na felicidade plena para a qual o homem foi criado. A condenação, que é o antônimo da salvação, consiste na separação eterna de Deus que enquanto autoexclusão é designada com a palavra “inferno” (Catecismo da Igreja Católica nº 1033). O cristianismo é uma religião soteriológica, isto é, de salvação. Devemos lembrar que Deus “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (I Timóteo 2,4).
Como alcançar a salvação? Só Deus salva, e Seu instrumento de salvação é a Igreja. Nesse sentido, podemos encontrar na Constituição Dogmática Lumen gentium do Concílio Vaticano II duas afirmações importantes: a necessidade da Igreja para a salvação e a possibilidade de salvação para todas as pessoas que sem culpa desconhecem a Igreja e o Evangelho, mas que buscam a Deus com sinceridade. A Lumen gentium assim declara: “Apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, o Concílio ensina que esta Igreja peregrina é necessária para a salvação. O único mediador e caminho da salvação é Cristo, que se nos torna presente em seu Corpo, que é a Igreja. Ele, porém, inculcando com palavras expressas à necessidade da fé e do Batismo, ao mesmo tempo confirmou a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo Batismo, como que por uma porta. Por isso não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja Católica foi fundada por Deus por meio de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disso não quiserem nela entrar ou nela perseverar” (LG nº 14). O Concílio também declara que “aqueles, portanto, que sem culpa ignoram o Evangelho de Cristo e sua Igreja, mas buscam a Deus com coração sincero e tentam, sob o influxo da graça, cumprir por obras a sua vontade conhecida por meio do ditame da consciência podem conseguir a salvação eterna” (LG nº 16).
Comentando o texto conciliar, o memorável Papa São João Paulo II assim escreveu: “É necessário manter unidas estas duas verdades: a real possibilidade de salvação em Cristo para todos os homens e a necessidade da Igreja para essa salvação”; “Se é destinada a todos, a salvação deve ser posta concretamente à disposição de todos. É evidente, porém, que, hoje como no passado, muitos homens não têm a possibilidade de conhecer ou aceitar a revelação do Evangelho e de entrar na Igreja. Vivem em condições socioculturais que o não permitem e, frequentemente, foram educados noutras tradições religiosas. Para eles, a salvação de Cristo torna-se acessível em virtude de uma graça que, embora dotada de uma misteriosa relação com a Igreja, todavia não os introduz formalmente nela, mas ilumina convenientemente a sua situação interior e ambiental” (São João Paulo II: Encíclica Redemptoris Missio nº 9 e 10).
Por fim, lembremo-nos das seguintes palavras de Jesus Cristo a um jovem: “Se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos: ‘Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não dirás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe e ama o teu próximo como a ti mesmo’” (Mateus 19, 18).