Esforçando sempre


Por Iriê Salomão de Campos, Comunidade Espírita A Casa do Caminho

08/12/2018 às 07h00

Percorrer os olhos nas folhas da história é para alguns ofício de profissão, para outros é fonte de conhecimento. De fato, não importa a razão: ler é no mínimo divertido e sempre instrui quanto à caminhada dos homens. Nestas viagens livreiras, encontram-se personalidades fantásticas e nem sempre boas em exemplos, mas algo de curioso e comum une tais personagens. Quase sempre após cumprirem sua grande obra fracassam, mergulhando em desgraça pública, mortos em assassínio, deportados ou vitimando-se no tenebroso suicídio.

Assim sucedeu com Júlio César. Depois de soerguer Roma da mais brutal decadência, ampliando seu poderio, foi morto por seus pares, dentre eles o filho adotivo. Cleópatra, a rainha do Nilo, matou-se por medo de um futuro incerto. Marco Antônio fez o mesmo ao vislumbrar a derrota militar. Napoleão Bonaparte findou seus dias planetários em exílio esquecido na ilha de Santa Helena, após ser laureado por incontáveis vitórias. E o mais importante dos homens que caminhou sobre a Terra encontrou seu martírio no alto do Gólgota, após exemplificar as mais profundas lições do conhecimento humano.

Dificilmente, o ataque a alguém vem de estranhos. O povo não se levantou contra César, foi imprescindível a participação de seu filho adotivo no assassinato do próprio pai, para que o intento fosse atingido. Assim como os juízes do Sinédrio, sozinhos não teriam autoridade para movimentar as forças obscuras do egoísmo nem os acusadores gratuitos do Cristo poderiam, por si só, dar cabo de brutal processo. Necessitavam de alguém mais frágil, capaz de trair a si mesmo por uma ambição passageira, e suas recompensas seriam a vaidade e o orgulho inflado pela amarga conquista, que rapidamente se transformaria em arrependimento e angústia.

De um modo geral, a calúnia, o abandono, a ingratidão não são sentimentos que nascem no íntimo dos opositores, brotam comumente nos corações daqueles que compartilham de nossa vida. Por isso, Jesus, o que mais sofreu a brutal ingratidão, nos conclama a amar, perdoar e servir, estando sempre atentos para não errarmos mais, de modo que o pior não nos aconteça.

O Cristo está há mais de dois mil anos nos alertando para uma caminhada mais suave e de conquistas morais. Em cada uma de suas parábolas, há uma imensidão de ensinos a ser colhida e aplicada na marcha do bem.

O samaritano que acolheu o caído no caminho, quem de nós não terá caído alguma vez e contou com o socorro de um amigo, mesmo que não tão íntimo?

Detenhamos o pensamento em nós mesmos, com o firme propósito de eliminar em nós a ingratidão e a discórdia, para que renasçamos como samaritanos, que além de socorrer o caído jamais será motivo de sofrimento, dor ou desentendimento entre os seus. Samaritano que discreta e silenciosamente semeia a concórdia, a fraternidade, a alegria e, se possível, a paz entre todos que dividam a jornada lado a lado.

Recordemos as lições de Jesus e, diante dos outros, sejam eles próximos ou opositores, nos esforcemos no bom combate de amar, perdoar e servir. Como nos ensina o Cristo de Deus.

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