Aqui tudo acontece
Aos 174 anos, Juiz de Fora tem os desafios próprios das metrópoles, mas sua história é referência do que é possível fazer. E são muitas histórias
Com uma população próxima de 600 mil habitantes e principal polo de uma região com mais de 1,5 milhão de pessoas, Juiz de Fora chega aos 174 anos com demandas próprias dos novos tempos, mas tendo o que comemorar. Entre as cidades de seu porte, ostenta boa qualidade de vida, níveis sustentáveis de segurança, uma rede de saúde, testada especialmente no período agudo da Covid-19, capaz de acolher toda a região, e uma educação acima da média nacional. Na cultura tornou-se uma referência.
Há desafios, mas eles são próprios das cidades, pois é no município onde tudo acontece. Apesar de as instâncias estadual e federal terem uma função significativa nesse processo, o cidadão, quando necessita, volta seus olhos ao município, pois é onde vive e conduz seus negócios ou trabalha. Sem surpresa, prefeitos e prefeitas andam pelos gabinetes de Brasília e de Belo Horizonte – no caso dos mineiros – em busca de repasses para cumprimento de suas metas.
Nascida na margem esquerda do Paraibuna, Juiz de Fora já foi a “Princesinha de Minas”, “Manchester Mineira” e principal polo cafeeiro do estado. Disputou o título de capital com Belo Horizonte, quando Ouro Preto esgotou suas possibilidades, e foi pioneira em diversos empreendimentos, a começar pela Usina Hidrelétrica de Marmelos.
Aqui tudo acontece ou só acontece aqui, como é possível ver em caderno especial que será publicado no site da Tribuna nesta sexta-feira (31). A cidade foi palco de grandes festivais que revelaram artistas e músicas, como Tristeza pé no chão, de Armando Aguiar (Mamão), Casa no Campo, de Zé Rodrix e Tavito, ou a doce Casaco Marrom, com Evinha de autoria de Danilo Caymmi Guarabira e Renato Correia.
Em 2011, o velório do ex-presidente Itamar Franco, na Câmara Municipal, reuniu três ex-presidentes: José Sarney, Fernando Collor e Luiz Inácio Lula, além de Michel Temer, que ocuparia o posto com a deposição de Dilma Rousseff. O mundo político se voltou para a cidade, o que iria ocorrer tempos depois em outra situação que só acontece na cidade.
Em 2018, na véspera do feriado de 7 de setembro, o candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro, descia o Calçadão da Rua Halfeld quando sofreu um atentado a faca. Juiz de Fora se tornou centro das atenções. Foi salvo pelos médicos da Santa Casa de Misericórdia.
Até uma onça que tirou o sono dos moradores do entorno da Mata do Krambeck colocou a cidade no topo das redes sociais.
Fatos à parte, o aniversário é sempre um momento de reflexão do que virá pela frente. A cidade, entre as cinco maiores de Minas, tem vocação regional, acolhendo milhares de pessoas de seu entorno. Tal demanda aumenta os desafios.
Como toda metrópole, vive diariamente o dilema social das regiões periféricas, com ocupação desordenada que exige acompanhamento sistemático. A tragédia do Rio Grande do Sul foi reveladora sobre a necessidade de ações permanentes, sobretudo em regiões degradadas.
Como é dia de celebrar, a cidade olha para o futuro sem esquecer seu passado, mas fazendo desse uma referência para o que pode ou não ser seguido. E entre virtudes e mazelas os pontos positivos estão bem adiante.