NO MESMO BALAIO


Por Tribuna

25/03/2016 às 07h00

É preciso prudência na análise da lista de doações da Odebrecht, a ser enviada ao Supremo Tribunal Federal, uma vez que nem todas são fruto de propina ou de caixa dois. Até o último pleito, doações de empresas estavam acolhidas na legislação. Cabe, agora, aos ministros e aos próprios investigadores separar o joio do trigo, a fim de não se ampliar ainda mais o coro dos que demonizam a política, embora, em muitos momentos, tenham razão.

O envolvimento de cerca de 200 políticos num universo de 513 deputados e 77 senadores é prova de que as regras precisavam, de fato, ser mudadas, uma vez que tanto governistas como representantes da oposição, a despeito de as doações serem legais ou não, tinham um compromisso tácito com a empresa. Mais dia, menos dia, possivelmente como ocorre agora, a conta seria cobrada.

A legislação, no entanto, cortou esse repasse, mas não criou alternativas para o financiamento das campanhas. O problema nativo começou na forma como esses recursos eram gerenciados. Na base do toma lá, dá cá, criou-se um verdadeiro balcão de negócios. Os próprios diretórios assumiram a gestão dos acordos, dando margem, dessa forma, ao surgimento desmesurado de legendas. Afinal, “ser dono” de partido tornou-se um bom investimento.

E não é de graça o surgimento de tantas legendas, sobretudo em vésperas de eleições. Elas são estratégicas para abrigar o excessivo número de candidatos e satisfazer a “sede” dos caciques políticos.

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