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Efeito cascata

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Na edição dessa terça-feira, a Tribuna, em matéria da repórter Carolina Leonel, aponta dados emblemáticos sobre a desigualdade racial, que tem na educação uma de suas fases mais agudas. A escola pública tem sete vezes mais negros que a particular, evidenciando o que já se sabia, mas que ainda carece de uma discussão mais profunda: as causas e os efeitos. Um estudo do JF em Dados – que pautou a matéria – evidencia o abismo no Enem, no qual os alunos da rede privada têm um melhor desempenho.

A presença de negros na rede pública é um dado real em decorrência da dificuldade de acesso – sobretudo financeiro – na rede privada, elaborando um efeito cascata que se desdobra em diversas frentes. A rede pública, a despeito do esforço dos profissionais, ainda carece de investimentos para equilibrar o jogo. A falta de políticas públicas, ou sua carência, reflete diretamente no ensino, deixando os alunos em situação de desigualdade não apenas no Enem, mas em todos os eventos envolvendo o conhecimento.

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Há quase um processo lógico nessa formatação: maioria na rede pública, que tem mais carências do que a privada. Logo, os negros, além do viés histórico que precisa ser sempre discutido e resgatado, já entram perdendo. E isso se reflete nos números de aprovação.

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A educação, no entanto, não é a única instância a ser discutida quando se trata de desigualdade racial, demandando avaliações que vão além da cor. É uma questão de interesse coletivo, a fim de se chegar um cenário de igualdade. Equilibrar o jogo não é uma concessão, e sim o estabelecimento de um direito para que as oportunidades sejam também disputadas nas mesmas condições. É, portanto, um projeto de país.
Miscigenado desde a sua origem, o Brasil ainda é um dos países com maior distanciamento racial. E aí há espaços para outras categorias, como as mulheres, que também precisam redobrar seus esforços para alcançarem condições idênticas às dos homens.

O Dia da Consciência Negra não é, pois, uma data que se esgota no 20 de novembro. Ele deve ser uma agenda permanente de um país que se diz sem preconceitos, mas que, no dia a dia, vive outra realidade.

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Os governos, em todas as instâncias, devem implementar políticas permanentes, sobretudo nas periferias, pois é nelas que a grave questão social se apresenta. Incentivar ações educacionais, de saúde e segurança é uma necessidade que deve passar por governos.

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