Uma coisa leva a outra

Sem acordo com o Tesouro, os estados terão sérias dificuldades para cumprir até mesmo demandas constitucionais devidas às prefeituras


Por Tribuna

23/11/2018 às 08h36

As conversas de Brasília com os estados serão o início de um processo que precisa ser desencadeado para dar fim, ou pelo menos minimizar, à crise que afeta os entes federados com consequências graves nos municípios. Mas é fundamental ter transparência, pois muitos governadores, ora de pires à mão, são responsáveis diretos pelos impasses econômicos que lhes tiram o sono e comprometem a vida da população. Em Minas, o discurso recorrente durante todo o período em que foram oferecidas sugestões foi de que não haveria submissão ao “governo golpista de Michel Temer”, com recusa imediata de contrapartidas. O resultado é o que se vê. Quem topou fazer acordo está em melhores condições do que a terceira maior economia do país.

Mas como não adianta chorar pelo leite derramado, é fundamental que os próximos administradores definam que tipo de entendimento pretendem e quais as suas consequências. O ponto em comum é de não haver margem para novos equívocos, nem para manter o atual status. Os municípios não sobreviverão sem um ajuste importante e, principalmente, sem os repasses constitucionais contingenciados pelo Governo do estado.
É nessa situação que se encontra, também, a cidade de Juiz de Fora. O município tem um crédito expressivo, mas sem perspectiva de recebê-lo no curto prazo a despeito da necessidade. Na conversa com os vereadores e no encontro com a imprensa, na tarde de quarta-feira, o prefeito Antônio Almas foi claro ao dizer que não há, sequer, garantias de fechar o mês, admitindo a possibilidade de parcelamento dos salários, como já ocorre com os servidores estaduais.

A Câmara já recebeu o projeto de reforma administrativa e deve discuti-lo e votá-lo até meados de dezembro, pois, só a partir daí, é que será possível entender a extensão dos cortes que serão feitos nos cargos comissionados. A economia de até R$ 13 milhões para os próximos dois anos é importante, mas insuficiente num cenário de tantas precariedades. Por isso, mesmo fazendo o dever de casa, o Executivo vai precisar, necessariamente, dos repasses de Belo Horizonte e da União.

 

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